Panorama internacional

EUA mantiveram conversações secretas com o Irã sobre ataques no mar Vermelho, diz mídia

Os EUA mantiveram conversações secretas com o Irã neste ano, em uma tentativa de convencer Teerã a usar sua influência sobre o movimento houthi do Iêmen para pôr fim aos ataques a navios no mar Vermelho, segundo autoridades norte-americanas e iranianas.
Sputnik
De acordo com o Financial Times (FT), as negociações indiretas, durante as quais Washington — através de uma delegação liderada pelo conselheiro da Casa Branca para o Oriente Médio, Brett McGurk, e pelo seu enviado adjunto ao Irã, Abram Paley — também levantou preocupações sobre a expansão do programa nuclear do Irã — cuja deleção foi liderada pelo vice-ministro das Relações Exteriores iraniano, Ali Bagheri Kani — aconteceram em Omã, ainda em janeiro. Segundo afirmaram autoridades à mídia, essa foram as primeiras conversas entre as duas nações em dez meses.
De acordo com autoridades norte-americanas, Washington vê o canal indireto com o Irã como "um método para levantar toda a gama de ameaças que emanam do Irã", disse uma pessoa familiarizada com o assunto. Isso incluiu transmitir "o que eles precisam fazer para evitar um conflito mais amplo, como afirmam querer".
Uma segunda rodada de negociações envolvendo McGurk estava marcada para fevereiro, mas foi adiada quando ele se envolveu nos esforços dos EUA para mediar um acordo entre Israel e o Hamas. As últimas conversações conhecidas entre os EUA e o Irã foram as chamadas conversações de proximidade, em maio de 2023.
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Desde que Tel Aviv declarou guerra ao Hamas após o ataque do grupo militante palestino a Israel, em 7 de outubro, os houthis começaram a atacar dezenas de navios que tivessem relações com Israel ou o Estado judeu como destino, em uma tentativa de pressioná-lo a parar com as hostilidades desproporcionais que já vitimaram mais de 30 mil pessoas, segundo a Autoridade Palestina. Os EUA se posicionaram imediatamente na defesa incondicional de Israel uma vez que o mar Vermelho é uma importante rota comercial, deslocando várias embarcações da Marinha para tentar dissuadir a ação houthi em contra-ataque coordenado com a Marinha do Reino Unido, o que gerou dezenas de ataques com mísseis e drones de milícias iraquianas contra as forças norte-americanas no Iraque e na Síria.
Autoridades dos EUA acusaram repetidamente Teerã de fornecer aos houthis drones, mísseis e inteligência para conduzir seus ataques aos navios no mar Vermelho.
O Irã, no entanto, reconhece o seu apoio político aos houthis, que controlam o norte do Iêmen, mas insiste que os rebeldes atuam de forma independente.
"O Irã disse repetidamente que só tem uma forma de influência espiritual [sobre os rebeldes]. Eles não podem ditar ordens aos houthis, mas podem negociar e conversar", disse uma autoridade iraniana à mídia.
Nos últimos dias, Teerã tem procurado aliviar as tensões com Washington desde que um ataque de drones a uma base militar dos EUA na fronteira entre a Jordânia e a Síria matou três soldados norte-americanos, o que levou o presidente Joe Biden a prometer buscar responsabilizar os autores do ataque.
Dias depois deste anúncio, ainda em fevereiro, as forças norte-americanas levaram a cabo uma onda de ataques contra forças afiliadas ao Irã na Síria e no Iraque, quando diversos comandantes das forças iranianas já haviam se retirado do terreno em sinal claro de apaziguamento das tensões por parte de Teerã. Desde então, nenhum ataque foi lançado contra bases norte-americanas no Iraque e na Síria, o que, segundo autoridades norte-americanas, mostra indícios de que Teerã tem trabalhado para controlar as milícias iraquianas.
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Embora o Irã deseje a retirada da ocupação norte-americana do Iraque e da Síria, Teerã já deixou claro que quer evitar um conflito direto com os EUA ou Israel, na tentativa de evitar uma escalada para uma guerra regional total.
Os houthis, no entanto, continuaram sua resposta à ofensiva israelense em Gaza tendo lançado cerca de 99 ataques no mar Vermelho e nas águas circundantes — afetando 15 navios comerciais, incluindo quatro navios norte-americanos — desde outubro, segundo o FT.
Atualmente, as potências ocidentais parecem preocupadas com o programa nuclear do Irã, já que o Estado — que repetidas vezes afirmou que o programa é para fins pacíficos — continua a enriquecer urânio em níveis próximos do grau de armamento após a retirada unilateral do ex-presidente Donald Trump do acordo nuclear de 2015 que foi assinado entre o país islâmico e as potências mundiais.
Em setembro de 2023, Teerã e Washington concordaram em uma troca de prisioneiros, e os EUA descongelaram US$ 6 bilhões (cerca de R$ 29,8 bilhões) do dinheiro do petróleo do Irã, que estava preso na Coreia do Sul. Os recursos foram transferidos para uma conta no Catar, onde seu uso seria monitorado.
Paralelamente a esse acordo, a administração Biden procurava chegar a outros termos sobre as medidas não escritas de desescalada com Teerã, incluindo um limite para o seu enriquecimento de urânio.
Mas com a eclosão da guerra Israel-Hamas, o Irã não conseguiu acesso aos US$ 6 bilhões transferidos para o Catar, estacionando o progresso no diálogo entre Washington e Teerã.
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