De acordo com o relato de três ex-funcionários da Agência Central de Inteligência (CIA), ouvido pela agência britânica, a CIA criou uma pequena equipe de agentes que usaram identidades falsas na Internet para espalhar narrativas negativas sobre o governo chinês, enquanto vazavam informações depreciativas para meios de comunicação estrangeiros.
A mídia afirma que a equipe promoveu alegações de que membros do Partido Comunista no poder estavam escondendo dinheiro ilícito no exterior e classificou como "corrupta e esbanjadora" a Nova Rota da Seda, que fornece financiamento para projetos de infraestrutura no mundo em desenvolvimento.
Os esforços dentro da China pretendiam fomentar a paranoia entre os principais líderes locais, forçando o seu governo a gastar recursos na perseguição de intrusões na Internet controlada de Pequim, disseram dois ex-funcionários.
"Queríamos que eles perseguissem fantasmas", disse um desses ex-funcionários.
A Reuters afirma que não conseguiu determinar o impacto das operações secretas ou se a administração do presidente Joe Biden manteve o programa da CIA.
Entretanto, cita que dois historiadores da inteligência, em entrevista à agência, disseram que quando a Casa Branca concede à CIA autoridade para ações secretas, através de uma ordem conhecida como conclusão presidencial, ela muitas vezes permanece em vigor em todas as administrações.
Em 2018, um ano antes da campanha clandestina contra Pequim ser autorizada, Trump deu à CIA maiores poderes para lançar operações cibernéticas ofensivas contra adversários dos Estados Unidos.
No entanto, as fontes descreveram a autorização de 2019 como uma operação mais ambiciosa, uma vez que permitiu à CIA agir não só na China, mas também em países de todo o mundo onde Washington e Pequim competem pela influência. Quatro ex-funcionários disseram que a operação tinha como alvo a opinião pública no Sudeste Asiático, na África e no Pacífico Sul.
As campanhas de propaganda secreta eram comuns durante a Guerra Fria, quando a CIA plantava 80 a 90 artigos por dia em um esforço para minar a União Soviética, relembrou Loch Johnson, cientista político da Universidade da Geórgia que estuda o uso de tais táticas.
Na década de 1950, por exemplo, a CIA criou uma revista astrológica na Alemanha Oriental para publicar previsões agourentas sobre os líderes comunistas, de acordo com registros desclassificados.
Ainda segundo as fontes, a operação norte-americana contra China surgiu em resposta a anos de esforços chineses secretos com o objetivo de aumentar a sua influência global.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, citado pela Reuters, disse que as notícias da iniciativa da CIA mostram que o governo dos EUA utiliza o "espaço da opinião pública e as plataformas mediáticas como armas para espalhar informações falsas e manipular a opinião pública internacional".