A incursão das forças israelenses no maior hospital da Faixa de Gaza completou quatro dias e teve como justificativa interromper a operação do Hamas realizada entre pacientes e civis deslocados, conforme o governo israelense. Testemunhas relataram à AFP que o entorno da unidade ainda foi alvo de ataques aéreos e tanques ficaram posicionados em meio ao complexo.
Imagens mostraram uma cortina de fumaça na região do hospital e diversos palestinos em fuga. Pelo menos 140 combatentes do Hamas, segundo Israel, foram mortos na operação. O país não informou se houve civis entre as vítimas. Já as autoridades do Hamas acusaram os militares de terem matado "dezenas de pessoas deslocadas, pacientes e equipe médica".
Mariam, uma paciente de 42 anos, disse à AFP que bombas atingiram a maternidade do hospital e o local onde estava abrigada. "Eles nos pediram por volta do amanhecer com alto-falantes para sair ou bombardeariam o prédio […]. Nós não podemos ir ao banheiro, usamos baldes e panelas para nos aliviarmos", relatou.
Cerca de 650 combatentes capturados
O Exército israelense e a agência de segurança Shin Bet informaram que as tropas ainda capturaram cerca de 650 "agentes terroristas" durante a operação no Al-Shifa, incluindo vários comandantes do Hamas e da Jihad Islâmica.
"Durante as buscas no hospital, foram descobertas armas e documentos de inteligência que contribuem para o combate em curso", afirmou o comunicado militar israelense.
A nota acrescenta que agentes da Jihad Islâmica escondidos no centro médico se renderam às tropas de Israel. Entre eles estariam Husam Salameh, comandante da unidade de observação e inteligência da Jihad na cidade de Gaza, e seu irmão, Wisam Salameh, chefe da unidade de propaganda do grupo na mesma cidade.
Também foram capturados em Shifa três oficiais de alto escalão da sede do Hamas na Cisjordânia, responsáveis por planejar ataques contra Israel na região, disse o Exército israelense.
O Shin Bet os identificou como Amr Asida, chefe da unidade de Nablus; Mahmud Qawasmeh, um dos planejadores do sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses em 2014; e Hamdalah Hasan Ali, que também esteve envolvido na liderança de ataques recentes na Cisjordânia.
Os combates em Shifa ainda estão em andamento e devem durar vários dias.