De acordo com fontes ouvidas pela revista Reuters, Kiev pode ter que tomar essa atitude após uma pressão feita especialmente por Pequim e Paris.
"É a China, mas não só a China", disse uma pessoa com conhecimento direto do assunto, aludindo também à pressão da França para retirar da lista o varejista Auchan e a Leroy Merlin.
Uma segunda fonte disse que além de Paris e Pequim, Áustria e Hungria também exerceram pressão sobre a Ucrânia por causa da lista, acrescentando que esta poderia ser retirada da Internet dentro de dias. Uma terceira pessoa disse que havia frustração com a Ucrânia por destacar empresas de países que apoiavam Kiev, relata a mídia.
A lista negra não tem valor legal, mas tem sido um constrangimento para cerca de 50 grandes empresas apontadas por operar na Rússia e "ajudar" o lado russo no conflito, por exemplo, pagando impostos.
O fim da campanha de denúncia, se acontecer, seria um indicativo de como Kiev poderá ter de suavizar a sua posição, à medida que se torna mais difícil manter o apoio global ao seu esforço de guerra, mais de dois anos após a invasão em grande escala, analisa a agência britânica.
Pequim, grande consumidor de grãos ucranianos, exigiu em fevereiro que Kiev retirasse 14 empresas chinesas da lista para "eliminar os impactos negativos".
No ano passado, Budapeste ameaçou bloquear o apoio militar da União Europeia à Ucrânia e as sanções contra a Rússia, a menos que o OTP Bank fosse retirado da lista negra. Foi removido meses depois.
A Áustria, que continua a usar gás russo e funciona como uma plataforma para o dinheiro russo, adotou uma posição semelhante.
No final do ano passado, o seu governo disse que não concordaria com as sanções do bloco europeu até que o Raiffeisen Bank International, o maior banco ocidental da Rússia, fosse retirado da lista negra. Raiffeisen foi suspenso da lista.
Duas das fontes disseram ser possível que a lista, elaborada pela Agência Nacional de Prevenção da Corrupção (NACP, na sigla em inglês) ucraniana, seja transferida sob a alçada da agência de inteligência militar da Ucrânia e mantida.
Na primeira indicação de pressão crescente, o Gabinete de Ministros do governo ucraniano disse em um comunicado na terça-feira (20) que uma reunião de altos funcionários do governo e diplomatas estrangeiros foi convocada naquele dia: "O NACP concordou que há de fato uma questão sobre o futuro funcionamento da lista", afirmou a agência segundo a mídia.