Em sua chegada, o líder francês vai se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na capital paraense por volta das 15h30 e seguem, em barco da Marinha, para a Ilha do Combu, onde acompanharão a produção artesanal e sustentável do cacau em região de floresta.
A ideia, segundo o Itamaraty citado pela Agência Brasil, é que Lula possa mostrar a Macron a complexidade da questão amazônica e as alternativas de desenvolvimento econômico sustentável que existem.
No entanto, a visita também tem outro pano de fundo para Paris: a Ucrânia. De acordo com a Bloomberg, no topo da agenda do francês está uma tentativa de convencer o presidente brasileiro a tomar uma posição sobre o conflito.
"Macron vê o Brasil como um ator-chave entre as potências emergentes, disseram autoridades francesas, especialmente porque detém a presidência rotativa do G20, que inclui grande parte das maiores economias do mundo. O líder francês aposta que as suas diferenças com Lula sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia podem ser reduzidas, acrescentaram as autoridades […]", escreve a mídia.
Lula rejeitou repetidamente armar a Ucrânia, argumentando que a estratégia dos Estados Unidos e da União Europeia está minando a perspectiva de uma solução negociada. Até agora, o líder brasileiro tem procurado posicionar o Brasil como uma nação neutra que pode manter laços tanto com Moscou como com Kiev.
Já Macron emergiu como uma das vozes mais fortes no conflito, alertando os aliados ocidentais "que o presidente russo Vladimir Putin representa uma ameaça existencial à União Europeia" e insinuando envio de tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o conflito.
Segundo fontes da diplomacia francesa, Macron pedirá a Lula que "chame a Rússia à razão", relatou o Correio Braziliense.
Por sua vez, Lula quer que Macron acabe com a sua oposição ao acordo de livre comércio da UE com o Mercosul, que está no limbo desde que um acordo político foi alcançado em 2019 e recentemente foi ainda mais enfraquecido devido ao veto francês.
Outros assuntos estão na pauta do encontro, como questões climáticas envolvendo a Amazônia, pressão brasileira para que Paris atualize sua antiga frota de aeronaves de treinamento militar com novos jatos da Embraer SA Phenom e discussões sobre submarino nuclear.
O Brasil constrói submarinos projetados pela França há mais de uma década. No entanto, um deles é um navio de propulsão nuclear com necessidades específicas de motor que o Brasil tem lutado para construir. Não está claro se Macron concordará com os pedidos do Brasil para maior cooperação neste que é um campo sensível, relata a mídia.
Esta é a primeira visita de um presidente francês desde 2016, quando o então líder François Hollande esteve no Brasil.