Seu discurso foi proferido antes de tomar a palavra o presidente francês, Emmanuel Macron, que está no Brasil e é publicamente contrário ao pacto econômico.
O titular do Ministério da Fazenda criticou o protecionismo, destacando que em um mundo globalizado uma postura voltada para dentro por parte de qualquer país não tem sentido.
Haddad não mencionou a França, mas vale ressaltar a oposição de Macron frente ao acordo. O lobby agrícola francês se sente ameaçado pela possível abertura do mercado a produtos sul-americanos, mais acessíveis, ainda que a justificativa oficial seja relacionada a preocupações ambientais, sob alegação de que a cadeira produtiva brasileira não cumpre determinados critérios de combate ao desmatamento e à poluição.
Mesmo assim, Haddad está otimista de que o pacto prospere. "Não devemos abandonar esse acordo. Se conseguimos aprovar uma reforma tributária após 40 anos, por que não poderíamos, após 20, alcançar um acordo benéfico entre a União Europeia e o Mercosul?", questionou.
Anteriormente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que houvesse tal parceria comercial entre os blocos, mas a rejeição francesa impossibilita uma aprovação.
No início do ano, Macron disse à Comissão Europeia que Paris não aceitará a assinatura do pacto com o bloco sul-americano. Em dezembro do ano passado, em Dubai, ele expressou preocupações com a falta de consideração pelo clima e pela biodiversidade no acordo, argumentando ser necessário um pacto mais alinhado com as geoestratégias da UE.
O pacto está em negociação desde 1999 e envolve 31 países. Se aprovado, representaria uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, englobando quase 720 milhões de pessoas e cerca de 20% da economia global. Em 2022, a UE foi o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com uma corrente bilateral de mais de US$ 95 bilhões (cerca de R$ 472,6 bilhões).