Na segunda agenda do dia no estado do Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, na tarde desta terça-feira (2), do anúncio das obras de dragagem do canal de São Lourenço, em Niterói, reduto petista na Região Metropolitana. Um dos principais polos navais do país, a cidade abriga estaleiros históricos e sofre com a crise que afeta o setor nos últimos anos, mas recebeu a promessa de Lula de reverter a situação.
O prefeito de Niterói, Axel Grael (PDT), ressaltou que a obra — que vai aumentar de 7 para 11 metros a profundidade do canal na Baía de Guanabara — é esperada há pelo menos 15 anos. Ao todo, serão investimentos de quase R$ 150 milhões, e o objetivo é permitir que embarcações maiores possam atracar no porto do município, além de viabilizar manutenções de navios de grande porte nos estaleiros da região. A expectativa é gerar pelo menos 20 mil empregos. A dragagem do canal também vai ajudar outro setor fundamental para a cidade: o pesqueiro, com a facilitação das exportações e distribuição do alimento em grande escala para o Brasil e o mundo.
O evento ainda contou com a presença do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que durante as eleições apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro, do mesmo partido. Em rápido discurso e sob algumas vaias do público, Castro ressaltou que a disputa já acabou e que todos devem trabalhar juntos para melhorar a vida da população.
Lula promete recuperar a indústria naval
Um dos principais feitos do seu primeiro mandato, impulsionado pela descoberta do pré-sal, a retomada da indústria naval voltou a ser prometida pelo presidente Lula durante o evento em Niterói. Na época, primeira década deste século, o petista lembrou que o setor saiu de menos de 3 mil para 86 mil trabalhadores em estados como Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
"Passamos a construir navios extraordinários, que passaram a ter nomes de personalidades brasileiras. Lembro que o primeiro navio que inauguramos foi o João Cândido, em homenagem à vítima da Revolta da Chibata. Tínhamos decidido que 70% dos componentes de uma plataforma de sonda [de exploração de petróleo] deviam ser fabricados no Brasil. E por que fizemos isso? Porque a gente devia gerar emprego no Brasil", disse.
Lula lembrou ainda que, com a exploração do pré-sal, o crescimento da Petrobras, que por muito tempo foi desacreditada, segundo o presidente, contribuiu para a retomada do setor.
"Hoje conseguimos vender petróleo de 5 mil metros de profundidade com o mesmo preço do petróleo da Arábia Saudita, que é tirado quase na flor da terra. Isso por conta de investimento em tecnologia", ressalta.
Agora, Lula disse que o governo volta a focar no fortalecimento da companhia, que teve vários ativos vendidos a preço de banana nas últimas gestões.
"Conseguiram desmontar tudo e agora estamos recomeçando de novo. Não é fácil o trabalho de reconstruir, quem faz em casa sabe que muitas vezes uma reforma é mais difícil do que construir uma casa. E este país estava desmontado", finalizou Lula.
Na sequência, o presidente voltou para o Rio de Janeiro, onde, no fim da tarde, participa da cerimônia de filiação ao PT da ministra Anielle Franco, cotada para disputar a próxima eleição como vice-prefeita na chapa de Eduardo Paes (PSD).