Nesta semana, a Casa Branca fez a maior repreenda ao governo de Benjamin Netanyahu desde o começo do conflito entre Israel e Hamas. Em uma ligação telefônica, o presidente Joe Biden disse ao premiê que o apoio norte-americano só continuará se a estratégia israelense para o enclave for alterada.
"Acho que é tudo uma questão política. O que quero dizer com isto é que haverá eleições nos EUA em novembro e agora o governo americano e a administração Biden estão preocupados em perder as eleições para [Donald] Trump. Muito provavelmente, ele vencerá as eleições por causa dos votos dos democratas muçulmanos. Eles não votarão em Biden. Eles vão boicotar as eleições. Esta é a razão pela qual a administração Biden tenta agora criticar Netanyahu", afirmou o analista em entrevista à Sputnik.
A pressão de Washington sobre Tel Aviv aumentou depois que um ataque aéreo israelense matou sete funcionários humanitários da ONG World Central Kitchen que distribuíam ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
A diretora-executiva da ONG, Erin Gore, afirmou que o ataque "foi dirigido", uma vez que a organização coordenou movimentos com as Forças de Defesa de Israel (FDI) previamente, e que os carros foram atingidos quando os trabalhadores saíam de um armazém em Deir al-Balah após descarregar 100 toneladas de comida.
"Este não é apenas um ataque contra a WCF, é um ataque às organizações humanitárias que avançam nas situações mais precárias onde a comida está a ser usada como arma de guerra. Isto é imperdoável", declarou Gore, citada pelo Euronews.
O Departamento de Estado dos EUA considerou o incidente inaceitável e disse que as FDI devem impor medidas para descartar uma repetição de tal incidente. Pode-se esperar que "mais problemas entre Netanyahu e Biden" aconteçam no futuro, previu o especialista, mesmo reafirmando que descarta qualquer mudança radical entre os EUA e Israel.
"Estou dizendo isso porque não é novidade para nós ver que Israel está violando o direito internacional [...], mas Washington sabe ficar em silêncio sobre essas violações", disse o analista relembrando que não houve qualquer interrupção no fluxo de ajuda letal dos EUA para Israel, incluindo venda de bombas nesta semana, apesar dos apelos tímidos da administração para que Tel Aviv poupe vidas de civis.
"Os EUA e as suas administrações também dependem do governo israelense. Portanto, não vejo quaisquer mudanças radicais da perspectiva dos EUA e da sua política em relação a Israel. E também circula que os Estados Unidos deveriam ou poderiam reconsiderar as suas vendas de armas, mas não acredito que isso aconteceria", complementou Rakipoglu.
Desde que a guerra entre Israel e Hamas começou, em 7 de outubro, mais de 33 mil palestinos foram mortos. Do lado israelense, cerca de 1.350 pessoas morreram e 250 foram sequestradas.