Panorama internacional

Especialista: invasão da embaixada do México mostra 'colapso do sistema multilateral' internacional

Um analista destacou que a atual situação não tem precedentes até no período das ditaduras sul-americanas dos anos 1970, quando nem mesmo Augusto Pinochet ousou retirar dissidentes das embaixadas.
Sputnik
A invasão da Embaixada do México pelas autoridades do Equador é um assunto sério, que quebra um tabu nas relações internacionais, avaliou Aníbal García Fernández, professor da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), em declarações à Sputnik.

"As consequências dependerão da pressão exercida pelo México e pelo sistema interamericano, ou seja, a Organização dos Estados Americanos (OEA); a Aliança do Pacífico; a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), da qual Honduras agora ocupa a presidência; a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA)", disse o também membro do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica.

"Mas a questão aqui é que o Equador pode contar com o apoio da OEA e dos EUA", acrescentou ele.
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Segundo ele, o que o Equador fez confirma o "colapso do sistema multilateral", com as leis internacionais podendo ser violadas sem nenhuma consequência. As duas outras convenções violadas são a Convenção de Montevidéu de 1933 e a Convenção de Caracas de 1954.

"Mesmo durante as ditaduras dos anos 70, no contexto da Guerra Fria, nada disso foi observado. Mesmo sob [Augusto] Pinochet, as autoridades não ousaram invadir a embaixada, embora muitos dissidentes estivessem escondidos lá. O que o Equador fez viola a soberania nacional e o direito internacional."

"Não há dúvida de que isso abre um sério precedente. Um fenômeno como esse nunca aconteceu antes na região. Romper relações diplomáticas é o mínimo que se pode esperar. Eles [autoridades equatorianas] violaram a soberania nacional, invadiram a embaixada, aplicaram violência contra os funcionários da embaixada, levaram [o ex-vice-presidente equatoriano] Jorge Glas, violando seus direitos. É isso que os governos autoritários fascistas fazem", concluiu.
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