Em coletiva de imprensa, Barroso comentou que as Forças Armadas do Brasil tiveram "comportamento exemplar" nos 35 anos de vigência da Constituição, porém que em alguns momentos dos últimos anos houve "politização indesejada e incompatível com a Constituição".
"Acho que isso já está superado e a gente na vida deve saber virar as páginas". Sobre o julgamento em curso na corte a respeito da tese de poder moderador das Forças Armadas, ele disse que a instituição não exerce esse papel e que não há possibilidade de intervenção militar.
Barroso foi um dos ministros que defendeu delimitar a interpretação da Constituição e da lei que disciplina as Forças Armadas para esclarecer que elas não permitem a intervenção do Exército sobre os demais Poderes.
Ele reafirmou que não existe poder moderador em uma democracia, nem o Judiciário é poder moderador.
"O que o Supremo está chancelando é o que sempre foi a compreensão adequada da Constituição", disse ele.
Segundo ele, a Corte tem o papel de se posicionar sobre uma série de questões divisivas da sociedade brasileira e, nesse processo, sempre desagrada alguém.
"Por isso, não se pode mensurar a relevância da Corte de Justiça por pesquisas de opinião, porque precisamos frustrar pessoas", concluiu.
Barroso comentou ainda que o 8 de janeiro e as investigações sobre os atos mostraram que o país esteve muito próximo de um golpe: "Eu diria que nós estivemos mais perto do colapso do que havíamos antecipado."