A Ucrânia corre o risco de perder sua viabilidade como nação caso continue a mobilizar a população masculina. Isso por já viver há décadas em um cenário de déficit demográfico massivo por conta da queda acentuada na taxa de natalidade desde o fim da União Soviética.
"Há muitas mais pessoas na faixa etária dos 35 anos ou mais e um grupo muito menor de pessoas na faixa etária mais jovem", disse à Sputnik Mark Sleboda, especialista em segurança e relações internacionais. "Eles estão seriamente em uma crise demográfica tão grande que isso colocou em risco o futuro [e] a viabilidade da Ucrânia como país."
Ainda há expectativa no país que as mulheres sejam convocadas, o que é discutido em outro projeto de lei, conforme Sleboda. Também foram reduzidas com a nova lei exceções médicas, inclusive de ferimentos em combate.
"Por exemplo, se você já lutou e perdeu uma perna, você não está mais isento. Ainda pode pilotar um drone, certo? Essa é a mentalidade do novo projeto de lei", disse.
Zelensky também disse que seriam necessários US$ 13 bilhões (R$ 66,5 bilhões) para realizar o plano, porém o regime de Kiev sofre com escassez de recursos sem a ajuda adicional dos Estados Unidos, paralisada no Congresso. Além disso, o presidente tem impedido qualquer tipo de resistência por parte do povo ucraniano.
"Você realmente não pode ter protestos no país, exceto por esposas e mães, porque qualquer homem que mostre o rosto em público é instantaneamente enviado para as trincheiras em Kupyansk", explicou Sleboda.
Em março de 2022, Zelensky chegou a proibir onze partidos políticos na Ucrânia, o que se soma aos partidos já impedidos de atuarem pelo ex-presidente Pyotr Poroshenko durante a chamada "descomunização" da Ucrânia. Isso deixou praticamente nenhuma oposição aos planos de Zelensky, e até membros da elite do governo já afirmam que o presidente se tornou um ditador.
"Até mesmo o prefeito de Kiev [o ex-boxeador Vitaly Klichko] e numerosas outras figuras públicas disseram, mesmo sendo parte da elite governante do Maidan, [eles dizem] 'nos tornamos uma ditadura sob Zelensky'", explicou Sleboda.
"Não estamos falando de um país democrático como o Ocidente apresenta", disse Sleboda. "É uma pequena ditadura fascista."