O representante permanente da Rússia na ONU classificou os discursos dos representantes ocidentais na reunião de segunda-feira (15) do Conselho de Segurança sobre o ataque do Irã a Israel como um desfile de hipocrisia.
"Quando os senhores e eu nos reunimos nesta sala em 2 de abril para discutir o ataque israelense às instalações consulares da República Islâmica do Irã em Damasco, alertamos que era necessário um forte sinal unificado do conselho sobre a inadmissibilidade de tais ações. Não apenas contra o Irã ou a Síria soberanos, e não apenas no Oriente Médio – em qualquer lugar do mundo", apontou Vasily Nebenzya.
"Pedimos aos nossos colegas do Conselho de Segurança que condenassem de forma clara e inequívoca essas medidas imprudentes para que elas não se repitam. Também alertamos que, caso contrário, os riscos de tal recorrência, bem como a escalada na região como um todo, se multiplicarão. Até propusemos à imprensa um exemplo de declaração relevante do Conselho de Segurança da ONU, que foi elaborada com base em uma linguagem despolitizada padrão para esses casos", lembrou.
Segundo Nebenzya, em resposta às delegações ocidentais, Moscou ouviu deles que nem tudo era "tão óbvio" para eles, e que era necessário considerar se tal sinal do Conselho de Segurança ajudaria a estabilizar a situação na região.
"Os EUA, o Reino Unido e a França se recusaram então, essencialmente, a confirmar que os princípios básicos da lei internacional sobre a inviolabilidade das instalações diplomáticas e consulares, consagrados nas convenções de Viena relevantes, se aplicam igualmente a todos os Estados. O resultado, como eles dizem, é óbvio."
"Vocês sabem muito bem que um ataque a uma missão diplomática é um casus belli de acordo com o direito internacional", disse ele.
Como sublinhou o diplomata russo, se as missões ocidentais fossem as atacadas, o Ocidente não hesitaria em retaliar e provar seu caso no Conselho de Segurança.
"Porque para vocês, tudo o que diz respeito às missões ocidentais e aos cidadãos ocidentais é sagrado e deve ser protegido, mas quando se trata de outros Estados, seus direitos, incluindo o direito à autodefesa, e seus cidadãos - 'isso é diferente', como vocês gostam de dizer", notou.
"É aqui que entram em cena seus argumentos favoritos sobre 'falta de informação', casuísmo jurídico e coisas do gênero. Esse é um desfile de hipocrisia e de 'dois pesos e duas medidas' que se desenrola hoje no Conselho de Segurança e que, de certa forma, é até desconfortável de se ver", concluiu.
O Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) anunciou na noite de domingo (14) estar atacando o território de Israel em resposta à destruição, no início de abril, do consulado iraniano na Síria por aviões israelenses. O ataque, de acordo com vários relatos, envolveu mais de uma centena de mísseis e drones.