"É um crime de lesa-pátria, é tornar inviável que a República Argentina seja soberana. […] comprova que não há pensamento estratégico na elite argentina, e se tem, ele é subalternizado em relação ao entreguismo, aos capitais especulativos e ao narcotráfico."
"As elites latino-americanas preferem ser capachos do Ocidente e garantir os seus ganhos absurdos do que dividir um pouco de poder e riqueza e garantir uma nação soberana", criticou ele. "Remonta aos tempos da colônia, onde os brancos da colônia se pensavam como europeus do além-mar."
"Precisamos ter cautela em relação à viabilidade desse projeto efetivamente ter os desdobramentos que a gente pode imaginar", comentou.
"Os chineses cada vez mais têm conseguido contratos para obter a exploração de portos ao redor do mundo — aqui mesmo na América Latina já tivemos alguns. É interesse dos Estados Unidos evitar que esse processo siga avançando", ponderou ele. "Me parece que a intenção do Milei é se aproveitar dessa disputa entre EUA e China e utilizar essa relação envolvendo a hidrovia do rio Paraguai como mecanismo para se aproximar dos EUA."
"Infelizmente a gente sabe que a política internacional costuma não se dar nesses termos de parceria e de colaboração, mas sim em termos de dominação. E a gente sabe que os Estados Unidos, quando têm suas relações, raramente assumem uma postura colaborativa, e muito mais uma postura hegemônica", completou.
"Para navegar pelo Paraná vai ter que fazer um acordo tripartite com o Paraguai, a Argentina e os Estados Unidos? Aí, realmente, para que o Mercosul? Isso fere de morte a soberania dos países que usam o rio Paraná e têm o Mercosul como base de integração econômica sul-americana", disse ele.
"Mas temos que aguardar para ver como os fenômenos vão se desenrolar. Eventualmente, se essa decisão tiver a repercussão que a gente está imaginando, aí cabe ao Brasil ser bastante claro em relação à sua oposição a esse projeto para demover os argentinos dessa ideia", argumentou Leães.