"Pensando em empresas brasileiras, nós infelizmente passamos por um passado de envolvimento em corrupção, e isso afetou muito a nossa imagem. Mas, independentemente dessa questão recente, temos uma grande oportunidade neste momento de reatar possibilidades de investimento. Sob o ponto de vista da Bolívia, eu entendo que o país está diversificando esses investidores internacionais para não ficar muito dependente de um país só", argumenta.
"Há uma preferência por investimentos do Brasil para que haja apoio político brasileiro na manutenção da soberania do país. No momento em que democracias estão sendo atacadas e com [Javier] Milei na Argentina, que significa um ator-chave de desestabilização [sul-americana], é fundamental que o Brasil reassuma essa condição de liderança, embora a região já não seja a mesma. A América do Sul de 2024 não é a mesma América do Sul de 2002, quando havia outras parcerias estratégicas tradicionais. Tem havido a atualização e a renovação de atores regionais [em relação ao Brasil]", destaca.
Qual é a principal atividade econômica da Bolívia?
Qual produto a Bolívia fornece ao Brasil?
"Houve busca de oportunidades de negócios a partir de conversas com o presidente [boliviano] Luis Arce, principalmente na questão da transição energética. Nesse mesmo encontro, o presidente da Petrobras [Jean Paul Prates] anunciou que a empresa deseja realizar alguns testes no país para produzir produtos petroquímicos e combustíveis renováveis, ligados à nova tecnologia, que é o biorrefino", diz a especialista.
Qual a relação entre o Brasil e a Colômbia?
"A Colômbia é um país que está se desenvolvendo rapidamente, também é um importante produtor de bens primários e vem modernizando a sua infraestrutura, especialmente em transporte e energia. A população desfruta de um elevado nível de desenvolvimento humano (IDH de 0,767, superior ao do Brasil, que é 0,760) e parte do território está na região Amazônica, uma das mais ricas fronteiras minerais do mundo. Acredito que seu objetivo [a visita do presidente Lula] seja atrair capital para explorar essas riquezas, e o Brasil tem empresas, capital e tecnologia que certamente devem interessar aos colombianos", resume Paulino.
"Este ano é um ano importante para que esses projetos sejam retomados, principalmente pensando na urgência que o Brasil tem de liderar a região, em projetos de financiamento, investimentos, numa maior relação com os países da América do Sul, porque não há espaço vazio. E me parece que é fundamental que agora o Lula olhe com mais cuidado para a América do Sul, pensando aí nesses eventos recentes da Venezuela, com relação à Guiana, também nesse esmorecimento, né, pelo bloqueio da relação diplomática entre o México e o Equador. A Colômbia acende como um país-chave nessa cooperação", finaliza.