"Entre as razões para a escalada da tensão israelense com o Irã está a incapacidade do chefe do governo [Netanyahu] de atingir seus objetivos militares em Gaza, em particular eliminar completamente o Hamas e libertar as pessoas detidas pela resistência palestina na Faixa de Gaza", disse Ahmed Fouad, professor de relações internacionais na Universidade de Alexandria, no Egito.
Como enfatizou o especialista, a resposta do Irã ao ataque de Israel à embaixada iraniana na capital síria contradiz as avaliações da inteligência israelense. Fouad acredita que Netanyahu não será capaz de usar a situação com o Irã para desviar a atenção do mundo das ações de Israel contra os palestinos em Gaza.
O professor da Universidade Ain Shams, Mohammed Abboud, especializado em estudos sobre Israel, disse que o objetivo de Netanyahu é restaurar a sua imagem e provar que merece permanecer no poder.
Uma unidade de elite das Forças Armadas iranianas, o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica, lançou um ataque contra o território israelense na última semana, em resposta à destruição do consulado iraniano na Síria no início do mês.
O ataque, segundo várias fontes, envolveu centenas de mísseis e veículos aéreos não tripulados, incluindo drones kamikaze Shahed, mísseis hipersônicos Fattah e Fattah-2. O canal de televisão estatal iraniano Press TV informou que todos os mísseis hipersônicos atingiram seus alvos.
Segundo o Exército israelense, o Irã lançou um total de mais de 300 munições e veículos aéreos não tripulados, incluindo cerca de 170 drones, mais de 30 mísseis de cruzeiro e mais de 120 mísseis balísticos. Ao mesmo tempo, Israel afirma que apenas "alguns mísseis" atingiram o país, mas causaram "pequenos danos".
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, Mohammad Bagheri, declarou que Teerã completou a Operação Promessa Verdadeira e não planeja continuá-la, mas, se Israel tomar alguma medida, a próxima operação iraniana será maior que a anterior.
O ministro israelense Benny Gantz afirmou que o país pretende criar uma coalizão regional contra a ameaça iraniana e responder ao ataque "no momento apropriado e de forma adequada".