Alcunhada de Muditia, a operação apreendeu R$ 3,5 milhões em cheques e R$ 600 mil e cerca de US$ 9 mil (quase R$ 50 mil) em espécie em 42 endereços que foram alvo de busca e apreensão em cidades do estado de São Paulo. Os promotores não forneceram os nomes dos investigados pois a operação corre sob sigilo, mas informaram que ao todo 14 pessoas foram detidas.
Segundo o MP de São Paulo, foram recolhidas quatro armas, centenas de munições e dezenas de celulares e notebooks. A investigação apontou que a estrutura criminosa simulava concorrência pública com empresas parceiras ou de um mesmo grupo econômico, em nome de pessoas associadas ao PCC ou de laranjas.
Ao todo, 11 prédios públicos foram alvos de busca e apreensão, sendo sete prefeituras [Guararema, Poá, Itatiba, Ferraz de Vasconcelos, Santa Isabel, Arujá e Cubatão] e 4 câmaras municipais [Ferraz de Vasconcelos, Santa Isabel, Arujá e Cubatão], além de oito empresas.
Esta foi a segunda operação para desbaratar um suposto esquema liderado pelo PCC na disputa de licitações públicas de diversas prefeituras do estado de São Paulo. Em 9 de abril, diretores de duas empresas de ônibus da capital paulista foram presos na operação Fim da Linha por suspeita de ligação com o grupo criminoso.
Ambas as investigações apontam que os negócios do PCC têm ido além do tráfico de drogas, agora estabelecendo contratos com o poder público.
O nome da operação, Muditia, refere-se ao grupo econômico investigado e aos principais contratos firmados, relacionados ao setor de limpeza e a postos de fiscalização e controle no serviço público. O MP concluiu que as empresas investigadas atuavam de forma recorrente para frustrar a competição em contratações de mão de obra terceirizada.
Ainda segundo a investigação, os empresários e funcionários das empresas vinculados à facção criminosa faziam a parte operacional, os advogados cuidavam das questões burocráticas e legais, e agentes políticos e servidores públicos facilitavam o serviço.