A informação foi divulgada por um alto funcionário da administração dos EUA nesta quarta-feira (17), conforme apurou a Sputnik.
"O Tesouro anunciará que a licença geral 44 não será renovada, e em vez disso emitiremos a licença geral 44A, autorizando um período de 45 dias para liquidação de transações relacionadas às operações do setor de petróleo e gás na Venezuela", disse o oficial a repórteres.
A fonte explicou que a administração Biden não renovará a dispensa de sanções porque determinou que embora as autoridades venezuelanas tenham cumprido alguns compromissos importantes dos Acordos de Barbados, também "teriam deixado de cumprir em várias áreas".
Na alegação estadunidense, a desqualificação de candidatos e partidos por questões técnicas, como a vencedora das primárias da oposição, María Corina Machado, é um dos motivos, que incluem um "suposto padrão contínuo de assédio e repressão contra figuras da oposição e da sociedade civil".
O oficial disse, no entanto, que a não renovação da isenção de sanções não deveria ser vista como uma "decisão final".
Em janeiro, Washington decidiu revogar a licença geral 43, que autorizava transações que envolviam a empresa mineradora de ouro estatal venezuelana Minerven.
Em outubro passado, o governo de Nicolás Maduro e a oposição firmaram acordos parciais em Barbados que contemplavam respeitar o direito de cada ator político de escolher seu candidato para as eleições presidenciais de 2024 de maneira livre.
Maduro afirmou anteriormente que os acordos firmados com os americanos visavam tirar totalmente as sanções, mas que Biden não cumpriu o trato.
Ele entende que a licença 44 é "colonialista" por pretender controlar a indústria petrolífera da nação caribenha.
Eleições na Venezuela
A próxima eleição presidencial na Venezuela está marcada para 28 de julho, em momento de grande tensão entre o governo do presidente Nicolás Maduro, que busca a reeleição, e a oposição, com apoio dos EUA, que vêm realizando atos no país a fim de tentar desestabilizar a política venezuelana.
Em março, alguns dos principais assessores de María Corina Machado foram detidos, acusados de planejar ações para forçar sua elegibilidade.
No mesmo dia, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, apresentou um vídeo de uma confissão de um dos colaboradores dela, Emil Brandt Ulloa, no qual ele admite que seu partido, o Vente Venezuela, recebia financiamento do exterior.
Segundo Saab, o financiamento se daria através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), que repassaria "milhões de dólares" para ONGs venezuelanas.
No início deste ano, o Tribunal Supremo de Justiça venezuelano confirmou que Machado estava inabilitada politicamente por 15 anos, de acordo com um processo iniciado em 2015, devido a irregularidades administrativas durante o período em que era deputada, entre 2011 e 2014.
Sua substituta, a filósofa Corina Yoris, não conseguiu completar o registro da candidatura na plataforma do órgão eleitoral venezuelano antes do prazo.
Outro candidato da oposição, Manuel Rosales, conseguiu se inscrever de última hora — contudo, a chapa de Corina informou que não apoiaria o governador do estado venezuelano de Zulia. Eles chegaram a se encontrar para discutir a possibilidade de Rosales substituir Machado, mas não houve acordo.