David Pyne, ex-oficial do Departamento de Defesa dos EUA e vice-presidente executivo da Força-Tarefa para Segurança Nacional e Interna, fez uma avaliação crítica do pacote de ajuda. Para ele, os fundos alocados são "lamentavelmente insuficientes" para as necessidades da Ucrânia durante o conflito.
O projeto de lei "não mudará o resultado da guerra, que terminará inevitavelmente com uma vitória russa e com a Ucrânia sendo forçada a aceitar os termos de paz da Rússia", acredita Pyne.
Pyne também questionou a distribuição da ajuda, uma vez que o presidente da Câmara, Mike Johnson, indicou que apenas uma fração entre US$ 12 bilhões e US$ 14 bilhões (entre R$ 62,3 e R$ 72,7 bilhões), forneceria armas diretamente à Ucrânia.
No entanto, Pyne levantou preocupações de que uma parcela substancial, cerca de 80%, beneficiaria as indústrias de defesa dos EUA. Ele destacou o potencial para o presidente Joe Biden utilizar a autoridade de saque, permitindo o redirecionamento de fundos adicionais dos estoques militares existentes para a Ucrânia.
Além disso, Pyne lançou luz sobre a escassez crítica de projéteis de artilharia e mísseis de defesa aérea na Ucrânia. Ele descreveu o sucesso da Rússia em infligir baixas significativas às forças ucranianas e enfatizou os desafios na resolução dos déficits de munições da Ucrânia.
"A Rússia tem tido bastante sucesso no seu objetivo de 'desmilitarizar' tanto a Ucrânia como a Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN], fazendo com que os EUA e os seus aliados da aliança se desarmassem unilateralmente de dezenas de milhares dos seus sistemas de armas mais modernos e os transferissem para a Ucrânia", afirmou Pyne.
Pyne destacou a grande disparidade entre as capacidades de artilharia russa, ucraniana e da OTAN, observando que "a Rússia produz três vezes mais munições de artilharia do que toda a OTAN combinada".
"As forças russas tiveram sucesso em infligir meio milhão de baixas militares ucranianas, incluindo cerca de 250 mil mortos em combate e 250 mil gravemente feridos com tantas ou mais amputações ucranianas nos últimos dois anos do que a França sofreu [...] na Frente Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial", disse Pyne.
A avaliação sublinha a complexidade da prestação de apoio eficaz à Ucrânia em um contexto de escalada de conflitos. À medida que a lei da ajuda avança, é provável que persistam discussões em torno da sua implementação, distribuição e implicações geopolíticas mais amplas, bem como questões relativas aos verdadeiros propósitos e intenções dos EUA em relação à Ucrânia como nação.