Panorama internacional

Analista: conselheiros militares dos EUA na Ucrânia podem ser 'eliminados' como 'alvos legítimos'

O chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, enfatizou que o bloco não tem planos de colocar tropas em solo ucraniano. No entanto, o porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, Patrick Ryder, revelou que Washington cogita enviar mais assessores militares à Embaixada americana em Kiev.
Sputnik
Os supostos conselheiros militares estadunidenses para a capital ucraniana "podem se tornar um alvo legítimo para as forças russas", disse o cientista político Evgeny Mikhailov à Sputnik.

"É bastante provável que esses observadores e assessores incluam especialistas que possam receber atribuições especiais, inclusive na linha de frente", observou Mikhailov. "Em qualquer caso, todos esses indivíduos são um alvo legítimo para a destruição pelas forças militares russas."

Washington considera enviar pessoal militar adicional para Kiev, conforme publicou o jornal Politico. O porta-voz do Pentágono, major-general Pat Ryder, descartou o papel de combate para tais "assessores".
As tropas adicionais forneceriam, em tese, treinamento e suporte técnico ao governo e às Forças Armadas ucranianas.
Após a Câmara dos Representantes votar a favor do envio de US$ 61 bilhões (cerca de R$ 315 bilhões) em apoio militar à Ucrânia, os EUA agora anseiam garantir que a ajuda não será desviada e que o país alcance seu destino pretendido, especulou Mikhailov.

"Acredito que, em grande parte, os assessores estarão envolvidos na manutenção da logística e supervisão de armamentos", disse o especialista militar. "Em particular, ainda pode haver alguns tipos de armas com os quais os ucranianos não estão familiarizados. Eles [os assessores] explicarão como usá-los, mantê-los e, muito provavelmente, tentarão controlá-los o máximo possível."

Esses "assessores", que provavelmente acabarão na linha de frente onde armas fornecidas pelo Ocidente serão usadas, podem optar por vestir uniformes ucranianos, observou o analista.
Eles poderiam desempenhar o papel de instrutores de combate no local ou decidir lucrar com a situação e se tornar mercenários, sugeriu ele. "Diversas opções são possíveis, mas acredito que os americanos, é claro, lhes darão instruções para não se exporem demais", disse Mikhailov.
No sábado, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou uma legislação para fornecer ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan.
A legislação, que agora segue para o Senado, contém ajuda relacionada à Ucrânia, especificamente: US$ 23,3 bilhões (R$ 120,6 bilhões) para reabastecer armas e munições já fornecidas à Ucrânia; US$ 13,8 bilhões (R$ 71,4 bilhões) para comprar sistemas de armas avançadas; e US$ 11,3 bilhões (R$ 58,5 bilhões) para operações militares dos EUA na região.
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O projeto de lei também inclui uma cláusula para fornecer sistemas de mísseis táticos de longo alcance do Exército (ATACMS) para a Ucrânia.
Em declaração ao Politico, Ryder disse que o Departamento de Defesa "revisou e ajustou [sua] presença no país, conforme as condições de segurança evoluíram". "Atualmente, estamos considerando enviar vários assessores adicionais para aumentar o Escritório de Cooperação de Defesa na Embaixada [em Kiev]", completou.
Embora Ryder não tenha fornecido números específicos, autoridades e fontes não identificadas citadas pelo site afirmaram que algumas tropas já foram enviadas em operações breves ligadas à Embaixada americana.
Segundo uma fonte, os novos chegados poderiam ser até 60, acrescentaram. O contingente provavelmente terá a tarefa de ajudar as Forças Armadas ucranianas na manutenção de armamentos.
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O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse esta semana que quase US$ 50 bilhões (cerca de R$ 258 bilhões) dos US$ 61 bilhões destinados a Kiev irão, de fato, ao complexo militar-industrial dos EUA, que tem se beneficiado do conflito por procuração, observou o analista. Mas "algum dinheiro financiará o trabalho desses 'assessores'", acrescentou.
As preocupações em Washington, aludidas por Mikhailov, derivam de autoridades dos EUA não acompanharem adequadamente mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,2 bilhões) em armamentos enviados anteriormente para a Ucrânia, conforme revelado em um relatório de janeiro do inspetor-geral do Pentágono.
Vale ressaltar que um padrão consistente de esquemas de fraude e corrupção é relatado na Ucrânia desde o início da operação militar especial da Rússia.
O ex-embaixador ucraniano e denunciante Andrei Telizhenko disse à Sputnik no início deste ano que a corrupção é generalizada em Kiev e está apenas piorando.
Embora Washington possa não estar ansioso para admitir, mais tropas — mesmo em um papel não combatente — expandiriam a presença militar dos EUA na Ucrânia, afirmou o Politico.
Sobre o status legal dos assessores dos EUA, Mikhailov observou que era geralmente "difícil determinar o status da própria Ucrânia" no momento. "É uma coisa quando mercenários vão lutar contra as Forças Armadas russas e se tornam alvos legítimos."

"Outra coisa são instrutores de logística e assim por diante, que, digamos, não participam diretamente dos combates. Mas, novamente, a Rússia há muito tempo declarou que tanto o equipamento militar fornecido [a Kiev] quanto o pessoal de serviço que irá supervisioná-lo e repará-lo são alvos legítimos para as forças militares russas."

Ele observou que o direito internacional foi distorcido, com alguns lados que o interpretam como consideram adequado.
Mesmo que seja interpretado corretamente e que reivindicações sejam apresentadas a organizações internacionais, tais instituições "tendem a agir contra os interesses da Rússia", disse o especialista militar.
Ele entende que, no campo de batalha, Moscou determinará o status desses cidadãos. "Se forem feitos prisioneiros, então serão trocados com o lado americano. Se forem destruídos, então é assim que deve ser", disse ele, ressaltando que viajam à Ucrânia de forma não oficial, e sim como especialistas contratados para monitorar a logística.
Ele reiterou que, como "assessores", as tropas dos EUA não devem "pegar em armas e destruir soldados das Forças Armadas russas".

"Podemos realmente falar sobre uma expansão em larga escala da presença americana na Ucrânia, com exceção das unidades militares", disse Mikhailov. "Não vejo nenhum problema se as forças russas os eliminarem da mesma maneira que qualquer outra pessoa que ajude o regime fascista da Ucrânia a destruir a população russa", finalizou.

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