O governo da Argentina afirmou que não descarta manter a discussão da proposta de corte orçamentário na educação apresentada pelo presidente argentino, Javier Milei.
A afirmação foi dada nesta quarta-feira (24), pelo porta-voz da presidência argentina, Manuel Adorni, em sua tradicional coletiva a jornalistas na Casa Rosada, sede do Executivo argentino.
"É um longo ano, continuaremos a discutir isso [corte orçamentário]", disse Adorni na coletiva.
O porta-voz, no entanto, assegurou que "as universidades públicas não serão fechadas". "Isso nunca estará na nossa agenda. Vamos protegê-las e proteger a educação. As universidades não ficarão sem orçamento", disse Adorni, acrescentando que o governo argentino "é um dos maiores defensores da universidade pública".
As declarações de Adorni são dadas um dia após uma marcha em prol da educação reunir entre 500 mil e 800 mil manifestantes nas ruas de Buenos Aires. Os manifestantes exigiram a preservação da educação gratuita e pediram aumento do aporte às universidades. Marchas de grande escala também ocorreram em outras cidades da Argentina.
As falas de Adorni também vêm após Milei postar uma publicação provocativa aos manifestantes em suas redes sociais. O presidente argentino publicou uma foto com a imagem de um leão bebendo em uma xícara, onde estava escrito "Lágrimas de surdos".
No início deste mês, a maior universidade pública do país, a Universidade de Buenos Aires (UBA), declarou estado de emergência por falta de verba, em decorrência da decisão do governo Milei de manter o financiamento da universidade no mesmo patamar de 2023, apesar da inflação anual de 276%.
A UBA entrou em situação crítica e implementou medidas de contenção de gastos, como desligar o sistema de aquecimento e os elevadores de seus prédios, como forma de economizar com energia elétrica. A medida está sendo tomada na época de outono na Argentina, quando a temperatura no país oscila entre 14° e 18° de dia, e entre 5° e 7° à noite.