Em 17 de abril, o presidente da Colômbia,
Gustavo Petro,
manifestou interesse em aderir ao bloco como
membro pleno, no menor prazo possível, o que foi acolhido pelo governo brasileiro, que se
comprometeu a promover a candidatura.
Especialistas em relações internacionais e representantes do governo colombiano ressaltaram à Sputnik Brasil os potenciais benefícios dessa eventual integração — que poderiam, inclusive, impactar negativamente a influência do Ocidente na América Latina.
O professor da Escola Superior de Administração Pública (ESAP) da Colômbia, Andrés Londoño Niño, ressaltou que a relevância colombiana ao bloco está principalmente em seu crescimento econômico desde a década de 1980.
Atualmente, o país se posiciona como "o quinto com o maior produto interno bruto [PIB] na América Latina" e é a quarta maior economia latino-americana, após Brasil, México e Argentina.
Uma das motivações para essa possível adesão é, segundo ele, "a falta de interesse claro de países como México e Argentina em ingressar no bloco", deixando espaço para os colombianos preencherem essa lacuna.
Além disso, a estabilidade econômica do país, "apesar da desigualdade e dos problemas sociais internos", e sua busca por diversificação econômica, além dos setores tradicionais como petróleo e mineração, o tornam "uma economia estável e que interessa para, por exemplo, o investimento estrangeiro".
O interesse mútuo entre os presidentes colombiano e brasileiro em questões como "reforma do sistema econômico internacional" e "proteção do meio ambiente" reforça a possibilidade de uma
convergência de interesses entre a Colômbia e o BRICS.
No entanto, para ele, a efetivação da adesão ainda é uma incógnita, dada a complexidade dos processos de integração e o contexto político regional. "Nossos países da América Latina dependem dessas convergências ideológicas entre os líderes da região."
Doutor em ciência política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Niño afirma que, embora o país mantenha os EUA como o principal parceiro comercial,
a aproximação com o BRICS poderia significar um questionamento.
A professora de relações internacionais da UERJ e do Centro Universitário La Salle do Rio de Janeiro (Unilasalle-RJ) Fernanda Gonçalves destacou a importância econômica, energética e populacional da Colômbia na região.
Segundo ela, há uma grande oportunidade de incrementar o comércio bilateral, a cooperação em regiões de fronteira e os investimentos em infraestrutura.
Para Gonçalves, a adesão de Bogotá ao bloco poderia
fortalecer relações diplomáticas e comerciais entre os países-membros do bloco e a nação sul-americana, de forma a aproximá-los em um
cenário regional fragmentado e estimular a integração regional.
"A adesão da Colômbia ao BRICS representaria um ponto de inflexão em sua política externa."
Em relação ao Brasil, segundo ela, a inclusão ampliaria a representação regional e fortaleceria a
estratégia brasileira de unificar a América do Sul em meio a um cenário de
fragmentação política na região.
Gonçalves ressaltou que a adesão faz parte da nova agenda de política externa colombiana, iniciada pelo governo de Petro. "A possível adesão da Colômbia ao BRICS também levanta questionamentos sobre seu relacionamento histórico com os EUA."