O presidente polonês, Andrzej Duda, afirmou hoje (25) que convidou o primeiro-ministro, Donald Tusk, para uma reunião no dia 1º de maio com o intuito de dialogarem sobre a possibilidade de armas nucleares de Estados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) serem instaladas na Polônia.
Duda reiterou a sua posição de que Varsóvia estaria disponível para tal possibilidade, o que levou Tusk a dizer que gostaria de um esclarecimento do presidente.
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Ryabkov classificou as discussões na Polônia como "profundamente preocupantes".
"A situação é profundamente preocupante. Estas são discussões provocativas, esta é uma tentativa de aumentar ainda mais a tensão. Já existe uma grave crise na região euro-atlântica, provocada por Washington e pelos países da OTAN", disse Ryabkov em uma conferência de imprensa.
Ao mesmo tempo, o vice-chanceler pontuou que esse é um "jogo perigoso", que pode gerar uma "nova rodada de tensão".
"Se eles seguirem o caminho de uma nova escalada, e é assim que se pode avaliar o raciocínio desses jogos verbais com armas nucleares até agora, então ocorrerá uma nova rodada de tensão. E, em geral, esse jogo é muito perigoso, suas consequências podem ser pouco previsíveis", acrescentou Ryabkov.
A representante oficial da chancelaria russa, Maria Zakharova, também comentou o assunto e disse que qualquer míssil nuclear dos EUA na Polônia poderia se tornar um alvo em caso de uma guerra entre a Rússia e a OTAN.
"Não é difícil assumir que se armas nucleares americanas aparecerem em território polonês, os objetos correspondentes vão imediatamente se juntar à lista de alvos legítimos para destruição em caso de conflito militar direto com a OTAN", disse ela aos jornalistas em seu briefing semanal.
Para o ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, a instalação de armas nucleares no território polonês pode anular o Ato Fundador sobre relações mútuas, cooperação e segurança entre a Rússia e a OTAN.
O ministro explicou ainda que a França, única potência nuclear da União Europeia, não participa no grupo de planejamento nuclear da OTAN. Lecornu explicou que Paris é "completamente autônoma".
"Não estamos envolvidos porque somos totalmente autônomos em nosso planejamento e em nosso sistema de dissuasão. A implantação na Polônia exigiria uma discussão entre os aliados porque anularia o Ato Fundador OTAN-Rússia."
As relações entre a Rússia e o Ocidente chegaram ao seu ponto mais perigoso desde a crise dos mísseis cubanos de 1962, quando os Estados Unidos e a União Soviética estiveram perto de um confronto nuclear.
Moscou afirmou no ano passado que estava enviando armas nucleares táticas para Belarus, como um sinal de dissuasão para o Ocidente, e que as mesmas "ficarão lá até que os EUA e a OTAN abandonem suas políticas hostis".