A estrutura vai ampliar a capacidade nacional de produção da bactéria que evita a transmissão da doença pelo mosquito Aedes aegypti, uma das principais tecnologias de combate à proliferação do vírus.
Conhecido como método Wolbachia, a técnica consiste em inserir em laboratório a bactéria nos ovos do mosquito transmissor da dengue. Com isso, eles perdem a capacidade de transportar o vírus que provoca a doença, além de zika, chikungunya e até febre amarela. Quando são liberados na natureza, esses mosquitos passam a Wolbachia, que está presente em cerca de 60% desses insetos, com exceção do próprio Aedes, durante a reprodução.
Menos insetos capazes de transmitir o vírus, menor contaminação dos seres humanos, pontua a pasta. Inicialmente, a fábrica administrada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) terá capacidade de produzir ovos que serão liberados nos 22 municípios da bacia do rio Paraopeba, afetada pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O projeto estava previsto no acordo de reparação da mineradora por conta do desastre.
"Estamos trabalhando em conjunto com o governo do estado [de Minas] para […] fazer com que essa fábrica possa expandir, não só para os 22 municípios, mas para todos os municípios de Minas Gerais, depois do Brasil e da região das Américas", declarou à Agência Brasil a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel.
Além da biofábrica em Minas, há uma estrutura no Rio de Janeiro, e a expectativa do Ministério da Saúde é ampliar o projeto. "Teremos [ainda] uma no Ceará, outra no Paraná e um plano de expansão para que a tecnologia desse mosquito, que tem uma bactéria que impede a transmissão da doença, possa então substituir a população de mosquitos que não têm a bactéria", acrescentou.
Niterói iniciou projeto com a Wolbachia em 2015
O primeiro município brasileiro que recebeu os mosquitos modificados com a bactéria Wolbachia foi Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ainda em 2015. No ano passado, 100% do território passou a ser coberto pelo método, o que ajudou a reduzir em cerca de 70% os casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas de atuação do projeto. Até abril deste ano, diferentemente do restante do país que vive uma epidemia, a cidade registrou apenas nove casos de dengue.
A expectativa é que ainda este ano o método seja implantando em mais seis cidades brasileiras: Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina e Foz do Iguaçu, ambas no Paraná, e Joinville (SC). Apesar da eficácia da técnica, os especialistas alertam que ações que evitem a proliferação do mosquito, como evitar água parada, devem continuar.