A oposição francesa criticou o presidente do país por suas palavras sobre o possível uso de armas nucleares francesas para defender a UE.
Recentemente, durante um discurso em Sorbonne sobre o futuro da Europa, Emmanuel Macron afirmou que a UE precisa de uma estratégia de defesa comum e que as armas nucleares francesas podem ser um componente fundamental. Segundo ele, tal proporcionaria as garantias de segurança que a Europa espera, e também permitiria ter relações de vizinhança com a Rússia.
No entanto, suas declarações foram criticadas por todos os partidos políticos.
"Não é apropriado que o chefe de Estado diga tais coisas. Macron diz que quer iniciar discussões sobre o compartilhamento de armas nucleares com os países europeus. Isso é extremamente sério porque toca na questão da soberania francesa", disse no domingo (28) François-Xavier Bellamy, líder da lista do Partido Republicano para as eleições do Parlamento Europeu, ao canal francês CNews.
Thierry Mariani, um eurodeputado do partido Reagrupamento Nacional (Rassemblement National, em francês) de Marine Le Pen, afirmou no domingo (28) que Macron se tornou uma "ameaça à nação".
"As armas nucleares serão seguidas pelo lugar da França como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que também será dado à União Europeia [...] Macron está se tornando uma ameaça à nação!", escreveu o político na rede social X.
Enquanto isso, o partido de esquerda França Insubmissa (LFI, na sigla em francês) apontou que "o chefe de Estado desferiu outro golpe na credibilidade das armas nucleares francesas. Ele está juntando tudo em uma única pilha. Compartilhar armas nucleares? Perder nossa soberania? Essa decisão não pertence ao presidente, mas ao povo".
Mathilde Panot, líder da facção do LFI na Assembleia Nacional francesa, referiu na rádio RTL que ela "não acredita em um guarda-chuva nuclear comum da UE".
"Não recorreremos ao uso de armas nucleares por causa de outro país", disse ela, chamando as propostas de Macron de loucura e irresponsabilidade, pois aumentam o risco de guerra nuclear na Europa.
Bastien Lachaud, deputado do LFI, também notou no X que Macron "quer abandonar a doutrina de dissuasão nuclear francesa".
Por sua vez, Florian Philippot, o chefe do partido Os Patriotas, chamou Macron de "traidor" no X, lembrando no domingo (28) as palavras do general Charles de Gaulle, que foi presidente da França entre 1944 e 1946, bem como entre 1959 e 1969.
De Gaulle argumentou em 1959: "A defesa da França deve ser francesa, [...] é essencial que a defesa seja nossa, que a França se defenda, por si e à sua maneira. Se fosse de outra forma, se se admitisse durante muito tempo que a defesa da França deixou de estar no quadro nacional e que se confundiu, ou se fundiu com outra coisa, não seria possível mantermos um Estado no nosso país."