Panorama internacional

Dependência ucraniana por eletricidade demonstra falta de investimento em infraestrutura estratégica

A Ucrânia anunciou o aumento das importações de eletricidade de quatro dos seus vizinhos, sinalizando o estatuto cada vez menos invejável do país no setor de energia.
Sputnik
Herdando da URSS em 1991 um dos sistemas de produção de eletricidade mais sofisticados, poderosos e simbióticos do mundo, a classe política pró-Ocidente da Ucrânia desperdiçou gradualmente as riquezas energéticas do país e enfrenta agora o risco de perder o que resta da sua rede energética na guerra por procuração patrocinada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com a Rússia.
A operadora nacional do sistema de transmissão de eletricidade Ukrenergo informou nesta quarta-feira (1º) que a Ucrânia está importando 11.159 MWh de energia da Romênia, Moldávia, Eslováquia e Hungria, com uma capacidade máxima de até 1.500 MWh em algumas horas.
Ukrenergo confirmou o contínuo déficit de eletricidade na rede durante as horas de pico à noite e aconselhou os residentes a "usarem eletricidade com moderação". A operadora atribuiu a escassez aos danos causados por ataques de drones e mísseis russos aos equipamentos do tronco de transmissão.

"Durante o dia, aplicam-se restrições de consumo na região de Carcóvia. Pela manhã, cerca de 203 mil consumidores domésticos ficaram no escuro. O consumo para a indústria em Krivoi Rog também está limitado 24 horas por dia", disse a Ukrenergo, acrescentando que houve apagões nas regiões de Odessa, Carcóvia e Kherson.

O chefe da Ukrenergo, Vladimir Kudritsky, alertou em meados de abril que os consumidores deveriam se preparar para escassez periódica de eletricidade. No dia 12 de abril, o ministro da Energia ucraniano, German Galuschenko, pediu aos residentes que se preparassem para os apagões na primavera e no verão europeus e que comprassem geradores. Em março, Kudritsky disse que a Ucrânia tinha sofrido o seu maior ataque "de todos os tempos", com danos "sérios" causados a usinas termo e hidrelétricas, depois de a Rússia ter lançado ataques de retaliação aos ataques de drones ucranianos a instalações energéticas no interior da Rússia.
Panorama internacional
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A Ucrânia decidiu sincronizar a sua rede elétrica com a Rede Europeia Continental da União Europeia (UE) em março de 2022, exportando um valor recorde de US$ 590 milhões (cerca de R$ 3,06 bilhões) em eletricidade para a Europa nesse ano. No entanto, algo pareceu ter dado errado nos meses e anos que se seguiram, com a consultora ucraniana ExPro Consulting reportando em janeiro que a Ucrânia tinha passado de exportações recorde para importações recorde – comprando 232.950 MWh de eletricidade do exterior só em dezembro de 2023 – 75 vezes acima da marca de dezembro de 2022.
A produção de eletricidade da Ucrânia caiu 27,5% em 2022 em comparação com 2021 (incluindo um declínio de 28% na eletricidade gerada por usinas nucleares, 35% na energia térmica, 32% em usinas combinadas de calor e energia e 36% em energias renováveis). A maioria das usinas termelétricas está situada em Donbass, que se juntou formalmente à Rússia em outubro de 2022. A usina nuclear de Zaporozhie é a mais poderosa da Europa. Perdendo o controle das instalações para a Rússia em março de 2022, os militares ucranianos recorreram a bombardeios incessantes, ameaçando criar um desastre nuclear nos moldes de Chernobyl.
A grande maioria das principais instalações de geração de energia da Ucrânia, incluindo todas as suas principais usinas nucleares, de carvão, hidrelétricas e de consumo de gás natural (que representam quase 90% da produção total de eletricidade) foram criadas durante o período soviético, com parte da infraestrutura baseada em ligações econômicas com a Rússia.
Mesmo antes da escalada do conflito em 2022, muitas destas instalações tinham caído em desuso, exigindo centenas de milhões de dólares em investimento para serem restauradas e voltarem a funcionar.
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