Os militares russos fizeram com que as tropas ucranianas armadas e treinadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) recuassem mais de 400 quilômetros quadrados até agora neste ano, com o avanço tornado possível através de uma série de ataques poderosos no inverno e no início da primavera, no Hemisfério Norte, que forçaram as tropas ucranianas a abandonar suas posições fortificadas nos subúrbios ocidentais e norte da cidade de Donetsk.
A operação, parte de um avanço mais amplo contra forças mercenárias ucranianas e estrangeiras em áreas como Novoaleksandrovka, Arkhangelskoe, Tarasovka e Zavetnoe, provocou um leve pânico em Kiev e Washington, com o ex-assessor presidencial Oleg Soskin culpando o comandante-chefe das Forças Armadas ucranianas, Aleksandr Syrsky, pela "enorme deterioração" no front, e sugerindo que desde sua nomeação em fevereiro, "o tempo todo, quase todos os dias, os povoados estão sendo entregues um a um".
"Precisamos congelar a situação. Precisamos de um cessar-fogo, porque não pode haver ofensiva, nem regresso às fronteiras de 1991, em geral a linha não pode ser mantida", alertou Soskin.
O The New York Times compartilhou a severa avaliação, publicando uma matéria intitulada "Ucrânia se retira de vilas no front oriental enquanto aguarda a ajuda dos EUA" citando as queixas de Syrsky sobre suas forças estarem desarmadas e que a situação no front "piora" à medida que a Rússia "tenta tomar a iniciativa estratégica e romper a linha de frente".
Syrsky confirmou que os combates em torno das vilas a norte e a oeste de Donetsk constituem a "situação mais difícil" ao longo do front de 1.000 quilômetros, com a retirada ucraniana de Semenovka, bem como do povoado vizinho de Berdychi, sinalizando um avanço para além das linhas defensivas estabelecidas a oeste de Avdeevka após a libertação da cidade pelas forças russas em fevereiro.
"A captura de Semenovka é uma grande vitória para o agrupamento Tsentr", disse o veterano observador militar russo Yevgeny Mikhailov à Sputnik, explicando que a operação para libertar a vila da RPD não apenas abre oportunidades para cercar as forças ucranianas em uma ampla área, mas também para desenvolver impulso para forçar as linhas inimigas a desmoronar.
"Além disso, grandes perspectivas estão se abrindo. Em primeiro lugar, o cerco das forças ucranianas na área de Berdichi. A partir daí o caminho se abre e surge uma oportunidade para cercar e derrotar as tropas ucranianas que se acumularam em grandes concentrações nas áreas de Selidovo e Pokrovsk. E mais adiante está a aglomeração Slavyansk-Kramatorsk", disse Mikhailov.
Syrsky e companhia aparentemente não esperavam uma captura tão rápida de Semenovka, acredita o observador, sugerindo que o ritmo das operações indica que as forças da Ucrânia foram incapazes de criar uma segunda linha defensiva forte e fortificada a oeste de Avdeevka.
"Os militares russos estão agora capturando importantes instalações estratégicas praticamente diariamente, que as forças ucranianas não tiveram tempo de se preparar para defender. Em geral, grandes vitórias nos aguardam em um futuro próximo, vamos colocar desta forma", disse Mikhailov.
Com base no ritmo do avanço russo, Mikhailov diz que é difícil estimar onde vão parar as linhas defensivas da Ucrânia no Donbass.
"Eles queriam, mas não tiveram tempo para construir uma linha de defesa decente, e não esperavam uma ofensiva e um avanço tão rápidos por parte do Exército russo. Berdichi cairá e todo o resto começará a desmoronar [...]. Acho improvável que eles tenham tempo para concentrar adequadamente suas forças nessa direção. Além disso, mesmo as forças que estão agora sendo mobilizadas para lá são mais ou menos unidades de elite, enviadas para tentar conter o avanço das forças russas. Mas isso pouco adianta, porque em princípio temos uma vantagem em poder de fogo, uma vantagem tática, e o espírito de luta das nossas unidades é muito maior."
"Assim, duvido que qualquer linha de defesa possa ser criada até chegarmos a áreas com estruturas defensivas poderosas. Isso inclui perto de Slavyansk e perto de Kramatorsk. [Caso contrário], o que já existe noutros lugares será, evidentemente, capaz de conter as nossas forças em algumas áreas, mas não de forma muito poderosa. Ou seja, estamos vendo que o front [ucraniano] está desmoronando e acho que não faz sentido falar em uma linha de defesa séria."
Mikhailov espera que a estratégia russa de romper as linhas ucranianas fortemente fortificadas continue ao longo do padrão estabelecido – aproximando-se das forças inimigas pelos flancos, cercando-as, lançando bombas pesadas KAB e FAB sobre as suas posições, usando artilharia e aviação e depois aproximando-se com grupos de assalto, cortando suprimentos.