Pelos termos acordados, o novo valor, que valerá para o triênio entre 2024 e 2026, será reajustado em 15,4%, passando dos atuais US$ 16,71 (R$ 84,63) por kilowatt (kW) para US$ 19,28/kW (R$ 97,65/kW).
Apesar do aumento, solicitado pelo Paraguai, não haverá impacto sobre o preço da energia elétrica cobrado no Brasil, relata o jornal Valor Econômico.
Isso porque a metade brasileira da usina injetará US$ 900 milhões (R$ 4,5 bilhões) para compensar o reajuste. Serão cerca de US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão) por ano, que serão abatidos do plano de investimentos da companhia.
Já após 2026, a tarifa deve cair para algo entre US$ 10 (R$ 50,54) e US$ 12 (R$ 60,65) por kilowatt (kW), sem contemplar gastos que não sejam estritamente operacionais. Essa é uma queda de 30% em relação ao preço atual da energia gerada pela hidrelétrica e praticamente metade do valor praticado até 2021.
Contudo, o novo acordo não se resume à questão tarifária. Também a partir de 2027, o Paraguai poderá vender sua parte da energia de Itaipu ao mercado livre no Brasil, que negocia seus contratos sem amarras de preço e de prazo, conforme a oferta e a demanda de eletricidade, segundo a CNN Brasil.
A produção de Itaipu é dividida meio a meio. No entanto, o país vizinho não consome toda a sua parcela. Com isso, dos 50% dos megawatts que pertencem ao Paraguai, cerca de 35% são enviados para o Brasil.
O entendimento celebrado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e pelo presidente do Paraguai, Santiago Peña, estabelece um prazo de seis meses para o acerto dos detalhes e para o envio do novo Anexo C aos legislativos de ambos os países.
Itaipu tem 14 mil MW de potência instalada — é a maior usina hidrelétrica das Américas — e foi construída na década de 1970.
Negociações para gasoduto com a Argentina
Ao mesmo tempo, Assunção está avançando nas negociações com empresas de energia e autoridades governamentais de alto escalão da Argentina e do Brasil sobre um potencial gasoduto de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,6 bilhões) para conectar os três países, disseram à Reuters altos funcionários do governo paraguaio e brasileiro.
"Queremos assinar um memorando de entendimento em nível presidencial [para o gasoduto] em junho. Há um apoio geral ao projeto", disse à mídia o vice-ministro de Minas e Energia paraguaio, Mauricio Bejarano.
O plano, que está sendo elaborado pelo Paraguai, visa competir com uma oferta rival boliviana, a fim de reaproveitar os gasodutos existentes para transportar gás argentino para o Brasil.
A agência britânica ainda afirma que, segundo o vice-ministro de Investimentos do Paraguai, Rodrigo Maluff, à medida que o declínio da produção de gás na Bolívia força o Brasil a procurar outros fornecedores, a opção potencial de gás proveniente da próspera região de xisto de Vaca Muerta, na Argentina, através do Chaco paraguaio, está ganhando força.
O empreendimento envolveria um investimento estimado entre US$ 1,2 bilhão (R$ 6,08 bilhões) e US$ 1,5 bilhão (R$ 7,6 bilhões), com partes do setor privado, acrescentou Maluff.