O conflito israelo-palestino destacou a grande dependência de Tel Aviv em relação a Washington para a defesa, o que provocou "ansiedade" e debate interno no governo de Israel, escreve na quarta-feira (8) a agência norte-americana Bloomberg.
Em números, 70% das importações militares de Israel vêm dos EUA, e 29% da Alemanha. Ambos os países têm sido seus aliados mais importantes na guerra na Faixa de Gaza, onde mais de 34.000 pessoas já foram mortas pelos ataques israelenses, que têm sido constantes desde 7 de outubro do ano passado, em resposta aos mais de 1.000 israelenses mortos nesse dia.
No entanto, o recente atraso na entrega de armas dos EUA a Israel criou alguma incerteza em Tel Aviv, segundo a mídia norte-americana, dias depois que Washington impediu a entrega de cerca de 3.500 bombas enquanto as tropas israelenses iniciavam sua incursão terrestre em Rafah. Esse atraso seria "um aviso significativo e raramente usado" da Casa Branca, que discordou repetidamente com as forças israelenses realizarem um ataque em grande escala em Rafah.
"Como a guerra de Israel contra o Hamas em Gaza tem se tornado cada vez mais controversa, os fornecedores de armas, incluindo Itália, Espanha e Canadá, todos suspenderam as vendas", nota a Bloomberg.
Mesmo antes do início da guerra de Gaza, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, alertou sobre o risco para seu país de depender tanto do setor de defesa norte-americano.
"Os armamentos americanos e, acima de tudo, as bombas de precisão, são o pão e a manteiga da nossa guerra em Gaza e em operações futuras", disse Matan Kahana, legislador israelense e ex-comandante do esquadrão de caças F-16, em um sinal de preocupação crescente no governo israelense.
"O desenvolvimento de um setor de armas que inclua linhas de produção locais para munições aéreas atualmente fornecidas pelos EUA provavelmente será uma grande tarefa, especialmente no curto prazo. Até o momento, pouco aconteceu, com funcionários do Ministério das Finanças dizendo que foram formadas equipes, mas sem nenhuma estrutura ou prazo", nota a Bloomberg.
Israel é o maior beneficiário cumulativo da ajuda externa dos EUA desde o fim da Segunda Guerra Mundial, de acordo com um relatório publicado em março de 2023 pelo Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA.