Panorama internacional

Pressão de empresas dos EUA para manter aquisições de urânio russo é previsível, afirma especialista

A corporação Centrus deve buscar tratamento especial junto ao governo norte-americano, argumentando que é do interesse nacional manter as compras de urânio da Rússia, e é absolutamente esperada, disse o editor-chefe do Portal de Energia Nuclear AtomInfo.ru, Aleksandr Uvarov, à Sputnik.
Sputnik
A principal empresa de combustível nuclear dos EUA, Centrus, disse que vai buscar uma isenção do projeto de lei recentemente aprovado que proíbe a importação de urânio enriquecido russo. A Centrus afirma que a isenção é necessária para continuar fornecendo esse material estratégico aos seus clientes e para garantir os interesses de toda a indústria nuclear norte-americana.
A porta-voz da empresa, Lindsay Geisler, disse em entrevista ao portal Axios que eliminar rapidamente a proibição das importações de urânio russo era fundamental para a Centrus, bem como para toda a indústria nuclear dos EUA.
Segundo o especialista do setor e editor-chefe do Portal de Energia Nuclear AtomInfo.ru, Aleksandr Uvarov, a Centrus (conhecida anteriormente como USEC Inc.) é a maior revendedora de urânio enriquecido para empresas de energia dos Estados Unidos, o que justifica sua pressão para encontrar uma isenção das novas restrições norte-americanas.
"Não tinha a menor dúvida de que os clientes norte-americanos tentariam manter a oportunidade de importar produtos de urânio enriquecido da Rússia durante o maior tempo possível. Na verdade, é por isso que o projeto de lei foi escrito da maneira que foi escrito — 'você não pode comprar urânio enriquecido na Rússia, mas se você realmente precisar dele, então você pode fazê-lo, e exatamente nos mesmos volumes de antes'", afirmou Uvarov.
"Os Estados Unidos, ao contrário de alguns outros países ocidentais, não gostam de dar um tiro no próprio pé e, se for preciso, escolhem uma pistola de água", enfatizou.
Panorama internacional
Chefe da Rosatom: possível proibição dos EUA ao urânio russo contrasta com necessidades práticas
Em dezembro de 2023, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou um projeto de lei semelhante para introduzir uma proibição à importação de urânio pouco enriquecido de origem russa, que permanecerá em vigor até 2040.
Ao mesmo tempo, a iniciativa autoriza o secretário de Energia dos EUA, em acordo com o secretário de Estado e o chefe do Departamento do Comércio, suspender esta proibição se outras fontes de fornecimento de urânio não estiverem disponíveis ou se a importação de combustível russo for ao encontro dos interesses nacionais.
Atualmente, a energia nuclear representa 20% da geração de energia dos EUA, enquanto o fornecimento de urânio da Rússia representa cerca de 20% desta geração. A empresa nuclear estatal russa Rosatom fornece urânio enriquecido, usado como matéria-prima de combustível, para mais de 90 reatores comerciais nos Estados Unidos, sendo assim o maior fornecedor estrangeiro do país, de acordo com o Departamento de Energia dos EUA.
As restrições à importação de material nuclear, incluindo urânio, vão representar, em primeiro lugar, um duro golpe no custo dos próprios projetos nucleares dos EUA, mas não vão restringir a Rosatom, que está aumentando seu comércio com países amigos, disse o CEO da empresa estatal russa, Aleksei Likhachev, em ocasião anterior.
Ao mesmo tempo, o mercado mundial de urânio foi abalado pelas declarações dos EUA sobre o abandono do urânio russo, disse Likhachev. Os preços no mercado mundial do urânio aumentaram acentuadamente depois de os EUA terem anunciado as suas intenções.
A Rosatom enfatizou repetidamente que cumpre integralmente todas as obrigações para com os clientes estrangeiros e que a situação política não deve desestabilizar o funcionamento do mercado de combustíveis nucleares.
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