A recusa das autoridades do Canadá em extraditar para a Rússia um ex-participante de uma organização paramilitar nazista, acusado de genocídio de civis, é branqueamento de crimes nazistas em nível estatal, disse o procurador-geral russo à Sputnik.
Em 22 de setembro de 2023, o Parlamento canadense convidou Yaroslav Hunka, de 98 anos de idade, que foi apresentado aos deputados como um veterano da "luta contra os russos". Na realidade, ele era um ex-membro da divisão Waffen-SS Galizien, formada por nacionalistas ucranianos que lutaram não só contra o Exército Vermelho, mas também cometeram atrocidades contra judeus, poloneses, belarussos e eslovacos.
Mais tarde, Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, pediu desculpas pelo "terrível erro" de homenagear Hunka, e Anthony Rota, então presidente da Câmara dos Comuns, que convidou Hunka, renunciou ao cargo.
"Partindo do princípio de que Yaroslav Hunka pertenceu indiscutivelmente a uma organização criminosa reconhecida pelo Tribunal de Nuremberg – a Divisão SS Galizien - a recusa das autoridades canadenses é uma violação flagrante do princípio inviolável da inevitabilidade da punição por crimes internacionais: crimes de guerra, crimes contra a paz e a humanidade, estabelecidos e consagrados na Carta e no veredito do Tribunal Militar Internacional de Nuremberg", destacou Igor Krasnov.
Ele lembrou que a Procuradoria-Geral da Rússia enviou em 5 de dezembro de 2023 uma solicitação ao Ministério da Justiça canadense para a extradição do colaboracionista nazista. Ele é acusado de assassinar em fevereiro de 1944 pelo menos 500 civis, incluindo judeus e poloneses, na região de Lvov, na República Socialista Soviética da Ucrânia.
Ottawa, como notou o procurador-geral, justificou sua recusa em extraditar Hunka pelo fato de não haver tratado de extradição entre a Rússia e o Canadá.
O Ministério da Justiça canadense, acrescentou o procurador-geral, também declara que o pedido russo não possui provas diretas dos supostos crimes de Hunka.
"E isso é absolutamente falso. Os documentos processuais apresentados ao lado canadense, devidamente preparados por nós, contêm informações exaustivas sobre a participação direta do acusado na prática de genocídio", sublinhou o procurador-geral.
Igor Krasnov chamou a recusa de extraditar Hunka de infundada do ponto de vista legal, cínica e imoral do ponto de vista dos valores humanos universais.
"Eles não apenas se recusam a extraditar, mas também não querem ser julgados. Nem mesmo um dedo. É a lavagem total dos crimes nazistas em nível estatal", declarou.