A atual gestão do presidente completou 500 dias nesta quarta-feira (15).
"O governo anterior de Bolsonaro e [do ex-ministro da Economia] Paulo Guedes destruiu muitas estruturas de Estado e muitas políticas que estavam consolidadas ao longo da abertura democrática, políticas ambientais, políticas sociais e gerou um clima, um clima social, sobretudo, de incerteza e de confusão", afirmou em entrevista aos jornalistas Thaiana de Oliveira e Maurício Bastos, do podcast Jabuticaba Sem Caroço.
Segundo ele, em meio ao cenário de desmonte de determinadas políticas, o governo Lula conseguiu estabelecer "um ambiente positivo de recuperação da trajetória de reconstrução democrática", buscando se conectar com os princípios fundamentais estabelecidos na
Constituição de 1988.
Baptistini destacou que, além do aspecto simbólico, o governo também implementou medidas concretas, como a tão aguardada "reforma fiscal que finalmente andou".
No entanto, o especialista ressaltou que o governo enfrenta dificuldades inerentes à sua comunicação e à dinâmica política atual.
Ele apontou para o desafio de conciliar a linguagem dos movimentos sociais com a predominância das redes sociais na esfera política.
Sobre suas perspectivas para os próximos meses, Baptistini afirma haver uma preocupação com a necessidade de o governo estabelecer um diálogo efetivo com o Congresso Nacional.
O especialista alertou para os riscos de paralisia decorrentes da falta de consenso e da crescente influência do Legislativo. “Os próximos 30 meses para o governo serão meses de negociação intensiva com o Congresso hostil", opinou.
Além disso, ele ressalta o papel do Poder Judiciário na manutenção de uma estabilidade democrática, ressaltando sua importância como "última barreira da cidadania". Segundo Baptistini, os ataques direcionados ao Supremo Tribunal Federal (STF) ainda geram um alerta.
A deputada federal
Ana Paula Lima (PT-SC), vice-líder do governo federal na Câmara, afirma que o terceiro mandato de Lula já tem um papel na reconstrução em diversas áreas —
o que incluiu a aprovação da PEC da Transição, que possibilitou investimentos cruciais em saúde, educação e infraestrutura. "Conseguimos tirar 13 milhões de pessoas do mapa da fome", acrescentou.
Segundo ela, desde a deposição de Dilma Rousseff (PT) em 2016, "o Brasil viveu um período de seis anos de atraso em todos os sentidos". Ela ressalta que, nesse período, a pandemia e a desconstrução de políticas sociais agravaram a situação socioeconômica brasileira.
Atualmente, Lima aponta para os
desastres climáticos como um dos maiores desafios atuais, com o Rio Grande do Sul enfrentando uma tragédia. "Todos
os esforços do governo são para salvar vidas neste momento, com a questão do Rio Grande do Sul. E os desastres climáticos estão acontecendo simultaneamente em vários outros estados que nunca aconteceram."
Lima também abordou a questão da popularidade do governo, atribuindo parte da queda à disseminação de desinformação. "O nosso desafio maior é na questão da comunicação."
Em relação às eleições municipais iminentes, a deputada é otimista, dizendo observar um aumento no apoio aos candidatos apoiados por Lula. "Isso é um bom sinal, porque vamos passar por outro período eleitoral e sempre fazendo a
defesa da democracia, que é o nosso norte."