A vice-diretora do Fundo Monetário Internacional fez uma advertência incomum a Washington sobre seus níveis de endividamento e gastos, exigindo que os EUA e outras economias desenvolvidas tomem medidas para controlar a dívida.
"No caso dos EUA, vemos um amplo espaço para reduzir o tamanho de seu déficit fiscal, considerando também a força da economia americana", disse Gita Gopinath, em uma entrevista ao jornal britânico Financial Times (FT) publicada no sábado (8).
"A tentação de financiar todos os gastos por meio de empréstimos é algo que os países devem realmente evitar", de acordo com a alta responsável, sublinhando que as economias ocidentais "não têm como contornar" a implementação de "reformas fundamentais", inclusive em seus setores sociais e na área de tributação.
Em abril o FMI alertou que a dívida e o déficit crescentes dos Estados Unidos trazem "riscos de estabilidade fiscal e financeira de longo prazo para a economia global", e que o déficit federal projetado de 7,1% para 2025 era mais de três vezes a média de 2% apresentada por outras economias avançadas. A entidade espera que a dívida pública dos EUA mais do que dobre até 2053.
"A frouxa política fiscal dos Estados Unidos exerce pressão de alta sobre as taxas de juros globais e sobre o dólar", disse em abril Vítor Gaspar, diretor do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI.
"Isso aumenta os custos de financiamento no resto do mundo, exacerbando assim as fragilidades e os riscos existentes."
A dívida e os gastos dos EUA "aumentam os riscos de curto prazo para o processo de desinflação, bem como os riscos de estabilidade fiscal e financeira de longo prazo para a economia global", acrescentou Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI, alertando que, finalmente, "algo terá que ceder".
Espera-se que o FMI publique sua análise anual da situação da economia dos EUA no final deste mês.