Panorama internacional

Vitória de partidos eurocéticos no Parlamento da UE 'expõe ruptura' entre cidadãos e governos

O resultado das eleições para o Parlamento Europeu deste domingo (9) mostra que o euroceticismo está ganhando força em todo o bloco, à medida que o fraco crescimento econômico, os problemas de migração e a crise na Ucrânia continuam a assombrar a Europa, segundo fontes do Parlamento ouvidas pela Sputnik.
Sputnik
As consequências do conflito próximo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia ajudaram os partidos eurocéticos a conquistarem grandes avanços nas eleições para o Poder Legislativo da União Europeia (UE), disse um membro do Parlamento.
Embora o Partido Popular Europeu (EPP, na sigla em inglês) permaneça como maior grupo na assembleia, os partidos eurocéticos fizeram avanços significativos em todo o bloco, conforme previsto pelas pesquisas.

"Isso reflete a situação econômica extremamente pobre na Europa, em geral, como resultado de vários fatores — a desastrosa agenda climática da UE [e] o agravamento do problema da migração", disse Gunnar Beck, integrante do Parlamento pelo Partido Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), à Sputnik.

Segundo ele, o conflito na Ucrânia também teve destaque, principalmente em termos de impacto nos custos de vida na Europa. Além disso, "há o crescente medo de uma guerra geral", opinou.
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Partidos contrários a uma maior eurocentralização e ao apoio à Ucrânia tiveram ganhos em toda a França: o conservador Reagrupamento Nacional (Rassemblement National, no original) obteve cerca de 31,5% dos votos, mais do que o dobro do partido Renascença (Renaissance, no original), de Emmanuel Macron, levando o presidente francês a convocar uma eleição legislativa antecipada.
Na Itália, o partido Irmãos da Itália (Fratelli d'Italia, no original) expandiu sua presença no Parlamento Europeu com 28,8% dos votos.
A AfD se tornou o segundo maior partido após a coalizão União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão) / União Social-Cristã (CSU, na sigla em alemão), com 15,9% dos votos, infligindo um golpe pesado nos sociais-democratas do chanceler Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD, na sigla em alemão).
Na Espanha, o partido anti-establishment eurocético A Festa Acabou (Se Acabó la Fiesta, no original) fez história ao conquistar três assentos. Já na Bulgária, o partido anti-OTAN eurocético Renascimento (Vazrazhdane, no original) também conseguiu três assentos.
De acordo com o site de notícias Politico, duas coalizões de direita alternativa — Reformistas e Conservadores Europeus (ECR, na sigla em inglês) e Identidade e Democracia (ID, na sigla em inglês) — ganharam 131 assentos, além de 15 membros da AfD, dez do Fidesz – União Cívica Húngara, seis do partido Coalizão Cívica (KO, na sigla em polonês) e três representantes do búlgaro Renascimento.
Se esses partidos formassem um único grupo, seriam uma das maiores forças no Parlamento do bloco, ficando em segundo lugar, atrás apenas do EPP, calculou o site. Já o The New York Times apontou que os novos partidos de direita atualmente governam sozinhos ou como parte de coalizões em sete dos 27 países do bloco.

"Os resultados claramente mostram que cada vez mais cidadãos nos Estados-membros da União Europeia estão insatisfeitos com as políticas dos comissários políticos de Bruxelas", disse Christian Blex, membro da AfD do Parlamento estadual da Renânia do Norte-Vestfália.

Para ele, a situação nos Estados-membros-da UE está se tornando cada vez mais difícil para os cidadãos comuns que tendem cada vez mais a votar em partidos "anti-woke, conservadores e patrióticos".
Ele ressaltou ainda que a França exemplificou essa tendência com a derrota "esmagadora" do partido de Macron apenas algumas semanas depois de o presidente francês propor enviar tropas da OTAN para a Ucrânia.

"O desejo de paz também é muito claro na Alemanha", continuou Blex. "A AfD, que sempre defendeu um diálogo pacífico com a Rússia, claramente venceu. A nova Aliança Sahra Wagenknecht [BSW, na sigla em alemão] também teve sucesso com sua crítica à política da Rússia do governo."

Mas o crescente apoio aos partidos eurocéticos não significa que a UE verá mudança de direção, de acordo com Beck. Para ele, é improvável que a estratégia do bloco mude no futuro próximo.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do EPP, está buscando aprovação da maioria para um segundo mandato à frente do Executivo da UE. Manfred Weber, líder do partido, instou os líderes europeus a apoiarem von der Leyen por mais cinco anos. Beck alertou que um segundo mandato da atual presidente tornaria improvável que a política externa do bloco mudasse, inclusive sua militarização da Ucrânia.

"Acredito que não veremos nenhuma mudança drástica de direção em nenhum desses aspectos. Não o tipo de mudança necessária para restaurar as fortunas econômicas da Europa e infundir um elemento de dinamismo em nossa economia", acrescentou. "A Europa simplesmente perdeu demais. Está totalmente não competitiva em comparação com os EUA e o Leste Asiático. A Europa está, eu acredito, em declínio", concluiu ele.

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