Em conversa com a Sputnik, o analista Daniel Blinder afirmou que a operação "envolveria a Argentina no conflito", algo que "pode sair muito mal".
Um artigo publicado em 11 de junho no portal Infobae informou que Milei aprovou um plano projetado pela chanceler argentina, Diana Mondino, e o ministro da Defesa, Luis Petri, para apoiar o governo ucraniano em seu conflito com a Rússia com o envio dos cinco aviões Super Étendard que a Argentina mantém sem utilizar.
A mídia detalha que Mondino e Petri tentam avançar em uma operação "secreta" que envolveu contatos com o chanceler francês, Stéphane Séjourné, com quem se encontraram em Paris no mês de maio. O tema também foi debatido com o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, durante uma reunião na Casa Branca em maio.
Em conversa com a Sputnik, o cientista político argentino especializado em defesa Daniel Blinder considerou que, caso a possibilidade de enviar os aviões esteja sendo realmente analisada no governo de Milei, não proviria tanto de pressões da Europa, mas da própria "criatividade política e fervorosamente aliada do Ocidente" do atual governo argentino.
"Claramente esta possibilidade envolveria a Argentina no conflito, independentemente de o governo dizer que o fez indiretamente. Não ficaria como um participante direto do conflito, mas teria um nível de envolvimento superior", observou Blinder.
O especialista avaliou que, embora um alinhamento deste tipo pudesse dar benefício a Milei na sua busca de uma sintonia com Washington, teria consequências diplomáticas para a Argentina na sua relação com a Rússia, mas também com outras potências aliadas, como a China.
Nesse sentido, Blinder considera que, ao mesmo tempo que o governo de Milei procura um "alinhamento exagerado" com os EUA, isso geraria um "confronto muito forte com a Rússia e a China que poderia sair-lhe muito mal".
Por sua vez, o analista internacional Gonzalo Fiore disse à Sputnik que, se a entrega de caças se concretizasse, a operação resultaria na "Argentina se envolver em um conflito alheio e em uma região na qual o país não tem nenhum interesse estratégico", além de interferir nas relações com a Rússia, um país com o qual Buenos Aires mantém historicamente "boas relações" e que inclusive apoia a reivindicação argentina de soberania nas Ilhas Malvinas.