Em conversa com a Sputnik, o analista Mario Paz Castaing afirmou que "a situação favorece o Paraguai", embora o país deva investir para não ficar sem superávit na próxima década.
Em poucos meses, o Paraguai chegou a dois acordos com os seus vizinhos: Brasil e Argentina, que lhes dá permissão para receber receitas substanciais da energia fornecida por suas duas barragens binacionais. A situação atual, ditada pelas necessidades energéticas de ambos os vizinhos, parece colocar o país mediterrânico como um ator cada vez mais estratégico na América do Sul.
Em diálogo com a Sputnik, o analista internacional paraguaio Mario Paz Castaing explicou que o pagamento liquidou grande parte da dívida total de U$ 132 milhões (aproximadamente R$ 650 milhões) e mais cerca de U$ 12 milhões (aproximadamente R$ 60 milhões) que já tinham sido pagos. Restam outros US$ 20 milhões (aproximadamente R$ 100 milhões) a pagar nos próximos meses. Além disso, a Argentina deverá pagar outros US$ 92 milhões (R$ 460 milhões) pela geração de energia.
Segundo a Agência Oficial de Informação Paraguaia, desde agosto de 2023, quando começou o mandato do presidente Santiago Peña, o Paraguai já recebeu mais de US$ 132,5 milhões (aproximadamente R$ 680 milhões de reais) para o repasse da energia produzida em Yaciretá.
Isso se adiciona ao acordo que o país havia firmado em maio com o Brasil, dessa vez para a energia produzida na barragem de Itaipu.
Embora Assunção e Brasília ainda precisem finalizar a negociação dos termos do Anexo C — que regulamenta, entre outras coisas, se o Paraguai pode vender o excedente de energia a terceiros —, o diálogo permitiu aumentar para US$ 19,29 por quilowatt por mês nos próximos três anos.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, essa nova tarifa resultará em cerca de US$ 1,25 bilhão (R$ 6,5 bilhões) para o Paraguai nos próximos três anos.
"Neste contexto específico, o Paraguai se beneficia, pois tem uma posição de convergência muito interessante com o governo de Javier Milei na Argentina e, também, um interesse mútuo com o Brasil. Ambos os países, mas principalmente o Brasil, precisam desses acordos para impulsionar e continuar a gerar oportunidades de investimento", disse Paz Castaing.
O analista explicou que, além da necessidade energética do Brasil, a complexa situação financeira da Argentina ajuda o Paraguai, que atualmente é um dos credores do Estado argentino. Paz Castaing indicou que a liquidação de sua dívida energética com o Paraguai pode ter sido um dos pedidos que o Fundo Monetário Internacional (FMI) fez à Argentina para avançar novos desembolsos.