Panorama internacional

Brasil busca 'novo equilíbrio para o Mercosul' no acordo com UE, afirma representante do governo

As perspectivas de que o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Europeia (UE) fechem um acordo são positivas, e isso pode ocorrer ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta quarta-feira (26) a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiana Prazeres.
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Ela participou do evento "Estabelecendo pontes entre Empresas e Academia – Caminhos para o Comércio e Desenvolvimento Sustentável", no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, com grupos de engajamento da cúpula do G20 de 2024, que terá como sede o Brasil.

"Nesta nova fase da negociação, os europeus fazem suas demandas, o Mercosul faz suas demandas, mas nós estamos buscando encontrar um novo equilíbrio para o Mercosul", comentou ela em conversa com jornalistas após o evento. Ela garantiu que o acordo é ainda viável e pode ocorrer ainda durante o atual governo. "Perspectivas positivas. A gente está falando de um acordo comercial ambicioso", acrescentou.

Prazeres ressaltou que o governo Lula herdou um pré-acordo, que foi anunciado em 2019 e que continha pendências importantes. A secretária do ministério afirmou que ainda há pontos importantes em aberto, "mas houve muito avanço desde o início do ano passado, desde o início de 2023".

"O próprio presidente mencionou a preocupação com empresas de menor porte, com compras governamentais etc. Esses temas estão sendo tratados com os europeus no nível técnico. […] há um grande interesse político em viabilizar esse acordo, e trabalhamos com a orientação do vice-presidente, ministro do MDIC [Geraldo Alckmin], de buscar um acordo que seja equilibrado", explicou.

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O Brasil, como membro do Mercosul, visa preservar no acordo a margem de manobra para compras governamentais como instrumento de política industrial. "Na nossa visão, o pacote que herdamos precisava de ajustes importantes […]. Então essa é uma área, por exemplo, que requer ajustes, mas a discussão avançou bem, tem avançado bem", garantiu.

"Eles [UE] têm demandas, por exemplo apresentaram ao Mercosul uma série de demandas na área ambiental. O governo brasileiro não tem problema em assumir compromissos na área ambiental, mas é algo que, da nossa perspectiva, requer contrapartidas em outras áreas", concluiu.

Acordo empacado por recusa da França

Em visita ao Brasil, em março, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que o acordo Mercosul-UE é "péssimo" para todos os envolvidos, porque foi negociado há 20 anos". "Esse acordo não pode ser defendido. Eu não o defendo."
No início do ano, Macron disse à Comissão Europeia que Paris não aceitará a assinatura do pacto com o bloco sul-americano. Em dezembro do ano passado, em Dubai, ele expressou preocupações com a falta de consideração pelo clima e pela biodiversidade no acordo, argumentando ser necessário um pacto mais alinhado com as geoestratégias da UE.
Analistas avaliam que a posição de Macron deve-se ao lobby agrícola francês, que se sente ameaçado pela possível abertura do mercado a produtos sul-americanos, mais acessíveis, ainda que a justificativa oficial seja relacionada a preocupações ambientais, sob alegação de que a cadeia produtiva brasileira não cumpre determinados critérios de combate ao desmatamento e à poluição.
O pacto está em negociação desde 1999 e envolve 31 países. Se aprovado, representaria uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, englobando quase 720 milhões de pessoas e cerca de 20% da economia global.
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