O recém-empossado primeiro-ministro britânico Keir Starmer revelou na quarta-feira (3) que dará continuidade à política externa do governo do Partido Conservador, incluindo a doutrina implícita do Reino Unido de "usar primeiro" um ataque nuclear ofensivo contra seus adversários.
Questionado em um evento de campanha na cidade de Bury, Starmer disse: "É claro que eu estaria preparado para usar armas nucleares", cita na sexta-feira (5) o portal Declassified UK.
"Cercado por candidatos que eram veteranos das Forças Armadas, o líder trabalhista foi mais além: 'É uma parte vital da nossa defesa. E, é claro, isso significa que temos de estar preparados para usá-la", acrescenta o jornalista Richard Norton-Taylor sobre o novo primeiro-ministro, que substituiu Rishi Sunak (2022-2024) no cargo.
A doutrina militar britânica, com a suposta justificativa de "defesa da OTAN", permite explicitamente que o país inicie um ataque nuclear.
"O Reino Unido não tem uma política de 'não usar primeiro'", indicam documentos da biblioteca oficial do governo na Câmara dos Comuns britânica, o que significa que o país permite o uso de armas nucleares contra adversários que não representam uma ameaça nuclear.
"A Revisão Integrada de 2021 anunciou que os compromissos [de desarmamento nuclear] de 2010 não poderiam mais ser cumpridos devido ao atual ambiente de segurança", continua o documento, sem definir as circunstâncias que ele apresenta como justificativa para anunciar a expansão de seu estoque nuclear em 40%.
Segundo ele, a revisão "anunciou que o limite do estoque nuclear será aumentado e que as informações sobre o estoque operacional, os mísseis e ogivas implantados não serão mais disponibilizadas".
"A retórica [de Starmer] reforça sua mensagem principal: o Partido Trabalhista mudou", escreve Norton-Taylor, explicando os esforços do novo líder do partido para se distinguir do líder anterior, Jeremy Corbyn.
Corbyn atraiu a ira das elites britânicas por suas críticas ao militarismo ocidental, criticando a colonização israelense da Palestina e o apoio do Reino Unido à guerra dos EUA contra o Iraque.