Em meio à realização das convenções do Partido Republicano nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump anunciou, nesta segunda-feira (15), nas redes sociais, a escolha do candidato a vice para as eleições no país. O senador de Ohio J. D. Vance vai compor a chapa para o pleito, que acontece em novembro.
"Após longa deliberação e reflexão, e considerando os tremendos talentos de muitos outros, decidi que a pessoa mais adequada para assumir o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos é o senador J. D. Vance, do grande estado de Ohio", disse Trump por meio da plataforma de mídia social Truth.
As atividades de campanha de Vance serão focadas em trabalhadores e agricultores em estados como Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Ohio e Minnesota, acrescentou Trump. A escolha também surpreendeu o meio político, já que o senador da Flórida Marco Rubio era cotado para assumir o posto. O perfil do político de 52 anos poderia angariar votos para o ex-presidente entre os eleitores hispânicos dos EUA. O político ainda não se pronunciou.
O anúncio acontece em meio à Convenção Nacional Republicana, onde os delegados confirmaram Trump como liderança da chapa do partido para 2024.
Minutos após a escolha, o presidente Joe Biden se manifestou também nas redes sociais e alegou que, apesar de Vance "falar muito sobre os trabalhadores", o real objetivo do político é "aumentar os impostos sobre as famílias da classe média" enquanto corta custos para os ricos. "Bem, eu não pretendo deixar que isso aconteça. E se você estiver comigo, ajude", declarou.
Senador é próximo da família de Trump
Próximo ao filho do ex-presidente Donald Trump Jr., James David Vance se tornou conhecido no país ao escrever o livro "The hillbilly elegy: a memoir of a family and culture in crisis" (Era uma vez um sonho: a história de uma família da classe operária e da crise da sociedade americana, na tradução para português), em que descreve a sua história familiar, marcada pela pobreza e por empregos de baixa remuneração em Middletown, Ohio, estado marcado pelo declínio industrial nas últimas décadas.
A publicação traz ainda possíveis explicações para tradicionais eleitores democratas no país, principalmente o público ligado aos sindicatos, terem se tornado republicanos ao longo dos últimos anos.
Ao se tornar ferrenho defensor de Trump, Vance alegou que as eleições de 2020, quando Biden venceu o republicano, foram fraudadas. Em 2022, venceu o candidato democrata Tim Ryan nas eleições gerais e conquistou a vaga como senador por Ohio, seu primeiro cargo político.
Após o atentado contra Trump no último sábado (13), na Pensilvânia, quando o ex-presidente foi atingido de raspão na orelha por um atirador de 20 anos, Vance saiu em defesa do republicano e chegou a culpar a campanha de Biden pelo atentado nas redes sociais.
"Hoje não é apenas um incidente isolado. A premissa central da campanha de Biden é que o presidente Donald Trump é um fascista autoritário que deve ser detido a todo custo, retórica que levou diretamente à tentativa de assassinato do presidente Trump", declarou na data.
Além disso, o senador de Ohio tem sido fortemente crítico da continuidade da ajuda militar norte-americana ao regime de Kiev, e chegou a escrever um editorial no The New York Times em que defende que "a matemática sobre a Ucrânia não fecha". Para Vance, os EUA não têm "a capacidade de fabricar a quantidade de armas que a Ucrânia precisa que forneçamos para vencer o conflito".
Vance ainda considerou os planos de confiscar ativos russos para cobrir os custos do conflito por procuração na Ucrânia "perigosos". No final do ano passado, ele alegou que Vladimir Zelensky deveria abrir mão das reivindicações sobre territórios recentemente reintegrados à Rússia e negociar um acordo para encerrar o conflito do país com Moscou. Essas opiniões o colocaram em conflito com os defensores da linha dura anti-Rússia no Partido Republicano, como o senador Lindsey Graham.
O companheiro de chapa de Trump também é um firme apoiador de Israel e defende esforços para buscar acordos de normalização das relações entre Tel Aviv e os países árabes. Apesar disso, Vance apoia a continuidade da ajuda ao governo de Benjamin Netanyahu no conflito contra o Hamas e afirmou que o status dos Estados Unidos como "o maior país de maioria cristã no mundo" obriga Washington a apoiar seu aliado do Oriente Médio. No entanto, chegou a advertir contra a ameaça de escalada entre o país e seu inimigo regional, o Irã.