Os fagos, vírus que atacam bactérias, possuem uma cabeça e uma cauda.
A cabeça contém o material genético do fago, enquanto a cauda é utilizada para identificar um hospedeiro em potencial, ou seja, uma célula bacteriana na qual pode injetar esse material.
Após a injeção, o fago se apropria da maquinaria celular da bactéria e a força a produzir novas cópias de si mesmo, que eventualmente fazem a célula explodir e infectam outras bactérias na colônia.
O novo sistema imunológico bacteriano, descrito em um estudo publicado na Nature, interrompe esse processo ao ligar uma pequena molécula de proteína às caudas dos fagos.
"Os componentes desse novo sistema imunológico são semelhantes em estrutura a um mecanismo de imunidade humano, e podem ajudar a revelar como esse mecanismo funciona e como nosso próprio sistema imunológico evoluiu", diz o estudo.
Ao contrário de outros sistemas imunológicos bacterianos, o sistema recém-descoberto não impede que o vírus assuma o controle da célula e se replique. As bactérias infectadas morrem e produzem novos descendentes virais, mas estes não conseguem infectar bactérias adicionais — a proteína que se liga à extremidade da cauda viral impede que os fagos localizem e infectem novas células bacterianas.
Os pesquisadores acreditam que esse sistema imunológico pode reconhecer a estrutura tridimensional da cauda viral, permitindo-lhe combater vários tipos de fagos com cauda.
Enquanto os vírus que atacam humanos podem não possuir caudas, as defesas humanas podem, de maneira similar, perturbar uma proteína estrutural-chave do vírus.