O relatório do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) sobre a "Detenção no contexto da escalada das hostilidades em Gaza" analisou depoimentos de tortura e outros maus-tratos cometidos por israelenses e grupos armados palestinos de outubro de 2023 a junho de 2024.
"Muitos dos detidos e posteriormente liberados relataram terem sido submetidos a formas de tortura ou outros maus-tratos, incluindo espancamentos severos, eletrocussão, serem forçados a permanecer em posições de estresse por períodos prolongados ou afogamento simulado", diz o relatório.
Palestinos que falaram com o ACNUDH disseram que foram submetidos a violência e humilhação de forma sistemática, "incluindo por meio de agressões físicas sérias e repetidas, jogando cães aos detidos, em alguns casos resultando em ataques e mordidas, e ameaças e insultos generalizados".
Israel deteve um grande número de palestinos — homens, mulheres, crianças, médicos, jornalistas, defensores dos direitos humanos e pacientes — nos dias após o ataque do Hamas em 7 de outubro. Dos mais de 10.000 trabalhadores e pacientes de Gaza que foram detidos em outubro, cerca de 1.000 continuam desaparecidos. Dezenas de outros morreram.
"Pelo menos 53 detidos de Gaza e da Cisjordânia morreram em detenção israelense desde 7 de outubro", disse o relatório.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse que os depoimentos reunidos por seu escritório e outras entidades indicaram "uma série de atos terríveis, como afogamento simulado e a liberação de cães em detidos", o que ele descreveu como uma "violação flagrante" do direito humanitário internacional.
Na segunda-feira (29), Israel disse que deteve nove soldados sob suspeita de torturar combatentes capturados do movimento palestino Hamas.