A companhia, que é um dos maiores produtores de chips do mundo para computadores pessoais e centros de dados, planeja economizar US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões) em custos até 2025.
"A maioria dessas medidas será implementada até o final deste ano. Estamos realizando algumas das mudanças mais importantes da história de nossa empresa", acrescentou o diretor da fabricante de semicondutores.
De acordo com Gelsinger, a empresa precisa ajustar a estrutura de custos a um novo modelo operacional e mudar radicalmente sua forma de operar. Além disso, as receitas da Intel não cresceram como a administração esperava, e a empresa ainda não se beneficiou plenamente de tendências como a inteligência artificial.
"Nossos custos são muito altos e nossas margens são muito baixas. Precisamos de medidas mais ousadas para enfrentar ambos os problemas, especialmente considerando nossos resultados financeiros e as perspectivas para o segundo semestre de 2024, que são mais difíceis do que o previsto", afirmou o CEO.
Conforme o CEO, a estrutura de custos da Intel não é competitiva. Como exemplo, explicou Gelsinger em sua mensagem aos funcionários, as receitas anuais da Intel em 2020 eram cerca de US$ 24 bilhões (R$ 136,8 bilhões) superiores às do ano passado, mas sua força de trabalho atual é 10% maior do que a de então. "Não é um caminho sustentável", disse. Após o anúncio, as ações da empresa na Bolsa de Valores de Nova York caíram até 28%.
Um golpe para a indústria de chips dos EUA?
O jornal The New York Times classificou a decisão da Intel como "um sinal preocupante para o plano multibilionário da administração Biden de reconstruir a indústria norte-americana de fabricação de chips", em meio à guerra comercial que Washington trava com a China na indústria de semicondutores.
A Intel havia se tornado a grande beneficiária do programa Chips for America (Chips para a América, em inglês), impulsionado pelo presidente Biden, que anunciou neste ano subsídios de US$ 8,5 bilhões (R$ 48,4 bilhões) e empréstimos no valor de US$ 11 bilhões (R$ 62,7 bilhões) para ajudar a empresa a devolver aos Estados Unidos algumas de suas operações de fabricação.
A Lei de Chips e Ciência de 2022, que destina US$ 52 bilhões (R$ 296,4 bilhões) em subsídios e US$ 75 bilhões (R$ 427,5 bilhões) em empréstimos para apoiar a indústria nacional de chips, foi elogiada pelos executivos norte-americanos como transformadora. Um deles foi o CEO da Intel, que a descreveu como "a peça mais importante da política industrial desde a Segunda Guerra Mundial".
Os semicondutores formam uma indústria de alto valor comercial, econômico e geopolítico, já que são utilizados na fabricação de uma infinidade de dispositivos eletrônicos ou informáticos. De fato, são o cérebro de telefones móveis, computadores, supercomputadores e armamentos inteligentes.