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EUA querem fechar acordo de minerais com Brasil, mas há ressalvas no Planalto por tensões com China

Em meio à sua intensa campanha para cada vez menos depender da China, o governo dos Estados Unidos quer anunciar, na cúpula do G20, um acordo de transição energética em que o Brasil seria fornecedor preferencial de minerais críticos para os norte-americanos.
Sputnik
De acordo com a Folha de S.Paulo, em maio, representantes do Palácio do Planalto estiveram em Washington para discutir o tema e o secretário-assistente de Estado para Recursos Energéticos, Geoffrey Pyatt, foi a Brasília e Minas Gerais em julho.
Pyatt esteve na capital brasileira falando sobre o assunto e em Minas Gerais, onde a descoberta de reservas de lítio no Vale do Jequitinhonha tem gerado uma onda de investimentos, assim como em Poços de Caldas.
As discussões são lideradas pelo Conselho de Segurança Nacional, ligado à Casa Branca, com participação do Departamento de Estado e do Departamento de Energia.
No entanto, há duas ressalvas em Brasília para as tratativas, segundo a mídia.
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Brasil vai começar a produzir ímãs de terras-raras em 2024 em Minas Gerais
A primeira é que o governo brasileiro quer garantias de que esse acesso preferencial teria, como contrapartida, investimento na cadeia produtiva de tecnologia de transição energética e uma ala do governo estaria cética em relação à capacidade da Casa Branca de concretizar esses investimentos. Por isso, autoridades brasileiras querem algumas ofertas mais tangíveis de financiamento.
A outra ressalva é um certo tipo de apreensão de que um acordo desses seja visto como um posicionamento na Guerra Fria entre China e EUA.
Ainda segundo a mídia, os norte-americanos gostariam também que o Brasil aderisse à Parceria Global para Investimento e Infraestrutura (PGII, na sigla em inglês), a resposta dos EUA e do G7 para a Iniciativa Cinturão e Rota da China, que financia obras de infraestrutura no mundo.
Hoje, o governo Lula discute com Pequim a entrada do país no programa, ação que pode ser coroada com a visita de Estado do presidente chinês, Xi Jinping, a Brasília, em 20 de novembro.
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China quer alinhar Iniciativa Cinturão e Rota com estratégia de 'neoindustrialização' do Brasil
A ofensiva estadunidense faz parte da estratégia de "friendshoring" — transferir para países aliados o fornecimento de minerais críticos. Hoje, a China responde por 60% da produção global e 90% da exportação de terras-raras, pela produção de 77% do grafite, 88% do magnésio refinado, 98% do gálio, 67% do titânio e 81% do tungstênio.
A República Democrática do Congo responde por 70% da produção de cobalto, e a grande maioria das empresas que exploram o mineral no país são chinesas.
Em resposta às sanções dos EUA que limitam o acesso da China a chips avançados, necessários para treinar inteligência artificial, Pequim vem restringindo sua exportação de terras-raras e proibiu, em dezembro de 2023, a venda de tecnologia de processamento desses insumos.
Minerais críticos — como grafite, lítio, manganês, terras-raras e níquel — são necessários para fabricar inúmeros produtos de alta tecnologia e energia verde, como baterias de veículos elétricos, telas, turbinas eólicas, e painéis solares.
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