Panorama internacional

Maduro descarta negociar com líder da oposição: 'Que se entregue à Justiça e mostre a cara'

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, descartou nesta sexta-feira (9) iniciar um diálogo com a líder da oposição, María Corina Machado, e pediu que se entregasse à Justiça e respondesse pelos mortos nos violentos protestos após as eleições.
Sputnik

"O único que tem que negociar neste país com [María Corina] Machado é o procurador-geral. Que se entregue à Justiça, mostre a cara e responda pelos crimes que cometeu. A verdade é a única negociação que cabe aqui", disse Maduro.

As declarações foram feitas no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), quando foram apresentadas as atas das eleições de 28 de julho.
Nos últimos dias, a liderança da oposição indicava que existia espaço para negociação, mas na segunda-feira (5), o principal candidato da oposição presidencial Edmundo González e aliado de María Corina proclamou-se o novo presidente eleito da Venezuela. No mesmo dia, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) enviou as atas para o TSJ, que confirmou a entrega do material.
O tribunal, órgão máximo do Judiciário venezuelano, afirmou que irá apurar os dados e investigar acusações de fraude. De acordo com a presidente do órgão, Caryslia Rodrígues, o processo poderá tomar até 15 dias.
Maduro também anunciou que planeja uma conversa com os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador, para tratar de assuntos relacionados ao processo eleitoral realizado em seu país.

"Está pendente uma conversa com os três presidentes. Esperamos que aconteça, e, como sempre, como faço com todos os presidentes com quem falo no mundo, explico com detalhes uma situação complexa de entender, porque no mundo há muita manipulação e muita mentira", disse o mandatário em transmissão ao vivo em rádio e TV.

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Ontem (8), Brasil, Colômbia e México reiteraram o pedido ao CNE da Venezuela para que apresente os resultados das eleições discriminados por estação de voto, a fim de esclarecer dúvidas sobre supostas fraudes.
Desde a última quarta-feira (7), representantes dos 38 partidos que participaram da eleição presidencial, além de nove dos dez candidatos que disputaram o pleito, foram ao TSJ para audiências com os juízes da chamada Sala Eleitoral da Corte. O único que não compareceu foi González, que justificou a ausência afirmando que essa investigação do TSJ usurpa as competências do CNE.
Sobre o assunto, Maduro comentou:

"Em primeiro lugar, não pratico diplomacia de microfone, e nosso chanceler está em comunicação com os chanceleres de Brasil, México e Colômbia. Com esses três governos mantemos relações de comunicação permanentes, respeitamos a soberania de cada país. Não entro nos assuntos internos nem do Brasil, nem do México, nem da Colômbia, nem pratico a diplomacia do microfone."

Desde a semana passada, os três países tentam abrir canais de diálogo entre oposição e governo de Nicolás Maduro, na esperança de encontrar uma saída política para a crise.

Eleições conturbadas

O dia das eleições na Venezuela pode ter percorrido sem grandes percalços, mas os problemas começaram assim que as urnas eletrônicas foram encerradas. De acordo com o CNE, houve um problema na transmissão dos dados referentes aos votos dos centros de votação para a central. O conselho, órgão constitucional e independente que organiza as eleições no país, declarou ter sido alvo de um ataque cibernético.
O anúncio dos resultados desencadeou confrontos entre os apoiadores da oposição e a polícia na capital Caracas e em outras regiões do país. Durante os protestos, um soldado foi morto e dezenas de pessoas ficaram feridas, segundo o governo de Maduro.
De acordo com o o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, quase 750 pessoas foram detidas no país durante protestos, algumas delas acusadas de incitação ao ódio e ao terrorismo.
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