Panorama internacional

'Posição esquizofrênica': sem reconhecer Kosovo oficialmente, Kiev o faz indiretamente, diz analista

Contrariamente às garantias públicas de Kiev de que a Ucrânia não reconhecerá a independência de Kosovo, a administração de Vladiimir Zelensky está fazendo todo o possível para dotar Pristina de subjetividade internacional, aponta à Sputnik Srdja Trifkovic, historiador e editor de assuntos internacionais da revista Chronicles.
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Dessa forma, indica ele, a integridade territorial da Sérvia é posta em xeque. "A posição do governo da Ucrânia, em relação ao problema de Kosovo, é completamente esquizofrênica", destaca Trifkovic.
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Por um lado, a Ucrânia declarou que não reconheceria a declaração unilateral de independência de Kosovo "porque tentou criar certa equivalência entre a posição da Crimeia e a de Kosovo, no sentido de que, se aceitarem a legitimidade da secessão de Kosovo da Sérvia com base na maioria local, então, obviamente, mutatis mutandis, aplica-se a Kosovo e aplica-se à Ucrânia", explica ele.

O território do Kosovo e da Sérvia Central são separados por uma linha administrativa. As autoridades do Kosovo declararam sua independência da Sérvia em fevereiro de 2008 e lançaram uma campanha de reconhecimento internacional do território, mas a independência não é reconhecida pelo governo sérvio.
Desde o golpe de Estado de fevereiro de 2014, a política ucraniana tem se alinhado cada vez mais às grandes potências ocidentais, com seus interesses e seus ditames, acrescenta.

"A Ucrânia tem tentado seguir por padrão a linha da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e da União Europeia ou, simplesmente, do Ocidente coletivo, em vez de fazê-lo abertamente. Em outras palavras, de uma maneira um tanto furtiva e indireta", aponta Trifkovic.

O jornalista considera que é uma questão de tempo até que Kiev reconheça o direito do Kosovo de se tornar independente da Sérvia:

"E será afirmado que, obviamente, os dois casos são completamente diferentes, que o Kosovo tinha o direito de se separar da Sérvia pelas razões x, y e z, enquanto a Crimeia nunca teve o direito de se separar da Ucrânia."

Em suas palavras, não se deve buscar explicações racionais nem uma linha de pensamento lógica quando se trata da política externa de Kiev, já que "é ditada pelas contingências do momento e não se baseia em princípios".

"Nunca se baseou em princípios, pelo menos não desde fevereiro de 2014. E nunca estará enquanto o regime atual ou algum sucessor, semelhante ao regime atual, permanecer no poder em Kiev", conclui.

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