É o que o cientista político e ex-secretário de Estado do Ministério do Kosovo e Metohija, Dusan Prorokovic, disse à Sputnik.
Belgrado não vai introduzir sanções contra a Rússia, do que Kiev e os seus patrocinadores não gostam, acredita o especialista.
Quando questionado se a Ucrânia se comporta em relação ao Kosovo como dizem os patrocinadores ocidentais, Prorokovic responde que Kiev, em todos os sentidos, depende da ajuda dos Estados Unidos, do Reino Unido e — parcialmente — de outros países europeus, quer estejamos a falar de armas, finanças, decisões políticas ou instruções de organizações internacionais.
No entanto, existe um "mas": "Para a Ucrânia, estabelecer relações bilaterais com a chamada República do Kosovo seria um grande problema, uma vez que se trata da questão da sua integridade territorial. Portanto, eles não tomam tais medidas, apesar dos apelos de alguns políticos ucranianos, mas, como vemos, através do Conselho da Europa e de outras organizações menos significativas, apoiam Pristina porque esta é a estratégia dos Estados Unidos e do Reino Unido", diz Prorokovic.
Segundo o interlocutor da Sputnik, Kiev e Pristina não são completamente independentes na tomada de decisões.
"Quando se trata de decisões estratégicas, devem respeitar as posições daqueles que os apoiam. Quanto às decisões táticas, elas são tomadas dependendo da situação específica", afirma.
Prorokovic chama as atuais relações entre a Sérvia e a Ucrânia de "diplomacia folclórica". Por um lado, as autoridades realizam reuniões, a esposa de Vladimir Zelensky vai a Belgrado. Por outro lado, a Sérvia não impõe sanções contra a Rússia, continua relações intensas com Moscou e não muda a sua retórica em relação ao conflito na Ucrânia.
"É claro que essa diplomacia popular existe para aliviar a pressão ocidental, uma vez que a Sérvia é de fato o único país europeu que não impôs sanções contra a Rússia. Os políticos ucranianos podem precisar dessa diplomacia para mostrar aos seus cidadãos que, dizem, todos os Estados europeus estão a seu favor, sem exceção. Portanto, essas reuniões e declarações conjuntas acontecem, mas na verdade isso não contribui de forma alguma para o estabelecimento de relações sinceras, o que vemos no exemplo de decisões específicas no domínio da política externa e da política de segurança dos dois países", conclui ele.
Situação no Kosovo
O território do Kosovo e da Sérvia Central são separados por uma linha administrativa. As autoridades do Kosovo declararam sua independência da Sérvia em fevereiro de 2008 e lançaram uma campanha de reconhecimento internacional do território, mas essa independência não é reconhecida pelo governo sérvio e não é uma unanimidade nas relações internacionais.