As investigações apontam que, entre 2020 e 2021, o governo contratou grupos de empresas para fornecer cestas básicas, que recebiam o valor total do contrato, mas sem entregar todas as cestas previstas na transação — aproximadamente 1,6 milhão de cestas básicas, que somam quase R$ 5 milhões.
Apelidada de Operação Fames-19, a ação cumpriu 42 mandados de busca e apreensão em todo o estado.
O proprietário de uma das companhias investigadas e presidente da Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa), Joseph Madeira, foi preso durante a operação. A assessoria de comunicação do empresário informou que Joseph colabora com as investigações e que "foi conduzido para depoimento em razão de não estar com seu aparelho celular".
Os contratos foram realizados sem licitação, com base no decreto de emergência estadual devido à pandemia. A operação atingiu diretamente o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, que na época dos supostos desvios era vice-governador, além de seus filhos, Léo Barbosa, deputado estadual, e Rérison Castro, superintendente do Sebrae Tocantins. A primeira-dama, Karynne Sotero, também foi alvo das investigações, além de outros políticos e empresários.
Em nota, o governador Wanderlei Barbosa alegou que não era ordenador de nenhuma despesa relacionada ao programa de cestas básicas no período da pandemia.
Ele afirmou ter participado apenas de "um grupo de consórcio informal de R$ 5 mil com outras 11 pessoas", sendo que uma delas era a investigada.
"Estou confiante na inocência e na justiça, estando sempre à disposição para colaborar com as investigações", completou.
O nome da operação, Fames-19, faz referência ao período de insegurança alimentar durante a pandemia de COVID-19, de acordo com a PF, em que houve aumento de pessoas em situação de escassez e fome. "Fames" vem do latim, que significa fome.
A investigação teve início em 2022, durante a operação Phoenix da Polícia Civil de Tocantins, que bloqueou bens e afastou servidores da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas). O relatório da Polícia Civil apontou que Wanderlei Barbosa teria recebido a transferência de R$ 5 mil de um empresário investigado, o que levou à inclusão do caso no Superior Tribunal de Justiça (STJ).