O novo plano do presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol buscando a reunificação com o Norte foi saudado por seu governo como uma política "prática", mas analistas alertam que sua promoção de direitos humanos e o objetivo percebido de mudança de regime podem aumentar as tensões com Pyongyang.
"Devemos ser mais proativos na expansão do valor da liberdade para o Norte e na indução de mudanças substanciais. Acima de tudo, adotaremos uma abordagem multifacetada para melhorar significativamente os direitos humanos na Coreia do Norte", disse Yoon semana passada por ocasião do Dia da Libertação em 15 de agosto.
De acordo com o South China Morning Post, o ministro da Unificação, Kim Yung-ho, disse em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (22) que a doutrina de unificação articulada por Yoon na semana passada levou em consideração fatores como o desenvolvimento contínuo de armas nucleares pelo vizinho do Norte.
Yoon também propôs a criação de um grupo de trabalho intercoreano para abordar uma série de questões, incluindo a redução das tensões na península, cooperação econômica e mudanças climáticas.
Apesar dos esforços de Seul para implementar a unificação entre as Coreias, analistas dizem que a doutrina de Yoon representou uma mudança da estratégia tradicional de reunificação do Sul, que tem sido baseada em respeito mútuo e trocas e que pode ser interpretada de forma mais refratária pelo vizinho do Norte.
"Independentemente das intenções do Sul, o Norte provavelmente perceberá isso como um movimento hostil, vendo-o como uma tentativa do Sul de instigar a mudança de regime, expondo os norte-coreanos a informações externas", afirmou Hong Min, pesquisador sênior do Instituto Coreano para Unificação Nacional, à apuração.
Para alguns observadores, a política provavelmente visa reunir apoio conservador para Yoon, que enfrentou baixos índices de aprovação e crescentes pedidos de investigações sobre vários escândalos, incluindo um envolvendo sua esposa Kim Keon-hee.
No início deste ano, Kim Jong-un declarou que os laços intercoreanos haviam se tornado permanentemente fixados como relações entre dois Estados hostis, efetivamente repudiando a meta de reunificação que governa os laços intercoreanos desde 1991.