Uma nova pesquisa apresentada na conferência anual de pesquisa da Reserva Federal (banco central dos EUA) em Kansas City, no estado norte-americano de Wyoming, encontrou pontos fracos nos títulos do Tesouro dos EUA, antes rotulados como títulos de "porto seguro".
A pesquisa sugere que esses títulos são "pouco diferentes da dívida emitida por países como a Alemanha, Reino Unido, França ou mesmo grandes corporações", detalhou na sexta-feira (23) a agência britânica Reuters.
Ela constatou que o governo dos Estados Unidos tem desfrutado de um "privilégio exorbitante" de contrair empréstimos em grande escala no mercado global, apesar das crescentes lacunas no orçamento federal.
"Em resposta à COVID-19, os investidores do Tesouro dos EUA parecem ter mudado para o modelo de dívida de risco ao precificar os títulos do Tesouro", escreveu a Reuters.
Os pesquisadores descobriram que os investidores não estocaram títulos do Tesouro, o que teria aumentado seu volume, mas reduziram os preços, como fizeram com os títulos de outros países.
"No regime de dívida de risco, as avaliações responderão aos choques de gastos do governo, o que pode envolver grandes mudanças de rendimento nos mercados de títulos", explicaram os pesquisadores.
Nesse ambiente, indicam eles, "as compras de ativos em grande escala pelos bancos centrais em resposta a um grande aumento nos gastos do governo têm implicações indesejáveis nas finanças públicas". Além disso, "essas compras, que fornecem suporte temporário aos preços, destroem o valor para os contribuintes, mas subsidiam os detentores de títulos".
"Os decisores políticos, incluindo os bancos centrais, devem internalizar essa mudança ao avaliar se os mercados de títulos estão funcionando adequadamente", concluíram os autores do estudo.