Muitos ucranianos comemoraram a ação em Kursk por seu Exército em 6 de agosto, esperando que a aposta forçasse Moscou a desviar recursos para a nova frente e o conflito mudasse o rumo.
No entanto, relata a mídia, uma brecha na linha de frente na região estrategicamente importante de Donetsk nesta semana desencadeou uma reação contra a liderança em Kiev, com críticos argumentando que as posições da Ucrânia foram enfraquecidas pela redistribuição de milhares de tropas ucranianas experientes na operação de Kursk.
As forças russas estão se aproximando da cidade estrategicamente importante de Pokrovsk, libertando várias cidades próximas esta semana e forçando unidades ucranianas com poucos efetivos a recuarem de posições defensivas preparadas.
Pokrovsk é um dos dois principais entroncamentos ferroviários e rodoviários na região de Donetsk e sua perda ameaçaria toda a logística da região para os militares ucranianos, de acordo com o Frontelligence Insight, um grupo analítico ucraniano, citado pelo jornal.
Imagens de satélite analisadas por investigadores de código aberto do Black Bird Group, sediado na Finlândia, mostram que as forças russas estão agora a apenas 8 quilômetros de Pokrovsk. Em resposta, as autoridades locais ordenaram a evacuação dos moradores da área.
Aleksandr Kovalenko, analista militar do grupo Information Resistance, sediado em Kiev, chamou a situação de "um fracasso defensivo completo".
"Não é culpa dos soldados comuns que ocupam posições. O problema está com aqueles que tomam decisões por esses soldados", escreveu Kovalenko em uma postagem no Telegram, citada pela mídia.
O comandante do Exército ucraniano Aleksandr Syrsky disse em um comunicado na quinta-feira (29) que havia visitado a área de Pokrovsk e estava trabalhando "para fortalecer a defesa de nossas tropas nas áreas mais difíceis da frente, para fornecer às brigadas uma quantidade suficiente de munição e outros meios materiais e técnicos".
De fato, as forças russas avançaram mais rapidamente em Donetsk desde 6 de agosto em comparação aos meses anteriores, de acordo com vários analistas militares, incluindo o Deep State, um grupo ucraniano com laços estreitos com o Ministério da Defesa da Ucrânia que monitora os movimentos da linha de frente, diz o FT.
Nas últimas três semanas, as forças de Moscou libertaram rapidamente mais de duas dúzias de cidades e vilas com resistência mínima, incluindo o antigo reduto de Niu Iork.
"A Ucrânia comprometeu reservas para Kursk, deixando menos opções para tapar lacunas em outros lugares. Algumas das brigadas mais experientes foram substituídas por unidades mais novas e menos experientes", disse Rob Lee, pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa de Política Externa, ouvido pelo FT.
Soldados em unidades de artilharia perto de Pokrovsk também destacaram um déficit de projéteis e uma grande incompatibilidade no poder de fogo em comparação às forças russas.
"Nossos projéteis estão acabando. Simplesmente não temos o suficiente", disse um comandante de artilharia, observando que muitos recursos foram redirecionados para o norte, para Kursk. Durante o mês passado, sua unidade teve um projétil para cada seis a oito disparados pelos russos.
Stanislav Aseyev, um jornalista e soldado ucraniano atualmente na frente oriental, alertou sobre a possível "destruição de todo o grupo de forças do sul na região, não apenas Pokrovsk".
"O que pode ser feito por Pokrovsk?", Aseyev perguntou retoricamente. "Infelizmente, a única opção é evacuar o máximo de pessoas possível. Acho que a cidade logo deixará de existir", afirmou o soldado, citado pela mídia.
Durante uma coletiva de imprensa em Kiev na terça-feira (27), Zelensky descreveu a situação na linha de frente perto de Pokrovsk como "extremamente difícil", de acordo com o FT.