Passado quase um mês e meio após o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniya, em Teerã em 31 de julho, autoridades iranianas, que culpam Israel pelo ataque, têm emitido ameaças de uma resposta severa.
No entanto, nenhuma retaliação direta ocorreu até agora, ao contrário do grande ataque de mísseis e drones em abril, que se seguiu depois do ataque israelense à embaixada do Irã em Damasco, na Síria.
Em uma reunião em Yasuj na noite de domingo (8), Hossein Salami declarou que Israel está "cercado por muçulmanos" e, referindo-se à vingança antecipada do Irã, acrescentou que "o pesadelo da ação inevitável abala Tel Aviv dia e noite".
"Os israelenses experimentarão a amarga vingança por sua maldade", disse o militar, segundo a agência Tasnim. Quando questionado sobre "quando, onde e como" a resposta iraniana acontecerá, declarou: "Certamente será diferente, e esse mistério será resolvido a tempo para todos."
O comandante também comentou sobre os protestos dos israelenses e o fracasso do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, em garantir a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas: "Eles não podem continuar sua vida política assim, e estamos testemunhando sinais de sua queda política."
Novas negociações do acordo nuclear
Teerã pretende retomar as negociações sobre o rompimento do acordo de energia nuclear com o Ocidente em uma reunião de líderes mundiais em Nova York para a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) no final deste mês.
A República Islâmica já teria conversado com o principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell, sobre retomar as tratativas, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Nasser Kanaani, a repórteres em uma entrevista coletiva televisionada na segunda-feira (9), segundo a Bloomberg.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, teve uma conversa telefônica positiva com Borrell, durante a qual eles concordaram que a cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) representava uma "boa oportunidade" para eles abordarem as negociações nucleares, disse Kanaani.
Conhecido oficialmente como Plano de Ação Conjunto Global (JCPA, na sigla em inglês), o acordo foi resultado de um processo de negociação histórico entre o Irã e a administração do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O acordo foi descartado três anos depois por seu sucessor, Donald Trump, que também impôs um regime de sanções rigoroso a Teerã.
Em resposta a essas penalidades, que continuaram sob o governo do presidente Joe Biden e incluem a proibição global de importações de petróleo iraniano, o Irã aumentou sua produção de urânio altamente enriquecido, o material físsil que pode ser usado para abastecer ogivas nucleares.